Teologia da libertação, em Macróbio, nos estoicos e Cícero

Um exemplo simples da teologia política e da libertação da Paidéia, bem próxima do catolicismo, é o texto de Macróbio, do livro “Sonho de Cipião” (obra divulgada pelo comentário de Cícero).

Neste livrinho, Macróbio coloca na boca de Cipião as seguintes frases: “as almas daqueles que serviram condignamente à comunidade [ao povo], retornam do corpo para o Céu e lá desfrutam da eterna bem-aventurança”.

É basicamente o que está escrito no Profeta Daniel – os justos, os que lutam por justiça social, brilharão, no Céu, pela eternidade. 

Por estas boas idéias, com conteúdo igual aos textos hebraicos, a Igreja recepcionou, com amor, os textos de homens como Sócrates, Platão, Hipócrates, Aristóteles, os estóicos, Posidôni, Varrão, Cícero, Virgílio, Sêneca, Epíteto, Tácito, Salústio, Plutarco, Aulo Gélio, Plotino, Galeno, Porfírio e outros.

O amor cristão aos clássicos (“classicismo”) fica patente também nos textos de Dante, Francesco Petrarca (1304-1374), Camões, Nicolas Boileau (1636-1711, autor de “Arte poética”), Racine, Molière, Dupanloup e no método educacional dos Jesuítas.

O classicismo cristão, explicitado nos textos de Boileau, é outra expressão da linha da filosofia cristã (sempre ecumênica, eclética), que aproveita tudo o que há de verdadeiro na Paidéia e em todas as culturas, à luz da razão e da Revelação, como já recomendava Cristo e também Santo Clemente de Alexandria.

O grande católico Boileau ensinava que toda obra artística, tal como toda obra humana, deve basear-se no melhor da natureza (imitar, seguir, a natureza) e na história (daí, o amor aos clássicos).