A boa lição trabalhista de João XXIII – todas as pessoas devem ter poder, bens, conhecimentos, informação, saber, prazer, vida plena e abundante

João XXIII, na “Pacem in terris” (um manifesto jusnaturalista em prol dos direitos humanos naturais), explicou claramente que todas as pessoas têm o “direito” natural de “tomar parte” (participar) “na vida pública”, de serem SUJEITOS, o mesmo valendo para as relações de produção, a estrutura econômica da sociedade.

Todos devem participar no poder, como já ensinava Santo Tomás e está implícito na concepção da graça, da justificação.

O Papa João XXIII citou vários pontos positivos de nosso tempo: a “ascensão econômico-social das classes operárias”, a elevação da situação da mulher e o fim do colonialismo, a decadência do imperialismo, enfim, pontos de uma democracia popular, social, participativa e dos trabalhadores.

Vejamos o texto da “Pacem in terris” (n. 38):

38. Hoje, em toda parte, os trabalhadores exigem ardorosamente não serem tratados como meros objetos, sem entendimento nem liberdade, à mercê do arbítrio alheio, mas como pessoas em todos os setores da vida social, tanto no econômico-social como no da política e da cultura”.

“39. [o ingresso da mulher na vida pública e econômica é] mais acentuado talvez em terras de civilização cristã; mais tardio, mas já em escala considerável, em povos de outras tradições e culturas. Torna-se a mulher cada vez mais cônscia da própria dignidade humana, não aceita mais ser tratada como um objeto ou um instrumento, reivindica direitos e deveres condizentes com sua dignidade de pessoa, tanto na vida familiar como na vida social”.

“40. …todos os povos já proclamaram ou estão para proclamar a sua independência, accontecerá dentro em breve que já não existirão povos dominadores e povos dominados”.

“41. As pessoas de qualquer parte do mundo são hoje cidadãos de um Estado autônomo ou estão para o ser. Hoje, comunidade nenhuma de nenhuma etnia quer estar sujeita ao domínio de outrem. Porquanto, em nosso tempo, estão superadas seculares opiniões que admitiam classes inferiores de homens e classes superiores, derivadas de situação econômico-social, sexo ou posição política”.

Conclusão: o fim próprio da sociedade é o bem comum, a Comunhão de bens, poder, prazer, conhecimento, alegria, amor etc.

O fim próprio da política é promover o bem comum.

O poder público, o Estado, pelos planos de Deus, deve imitar o Poder divino, deve ser racional e uma forma de promover o bem comum. O bem comum (o bem de cada pessoa concreta e de todos, da sociedade) é o objeto (finalidade) da “civitas”, a razão da existência da sociedade humana.