Alceu Amoroso Lima, o maior leigo católico do Brasil, num artigo com o título “A democracia social” (em 21.10.1962), com boa visão histórica, defendia as “reformas de base” [esposadas pelo grande presidente católico, João Goulart.
João Goulart talvez tenha sido o Presidente que mais citou textos de papas, especialmente de João XXIII.
João Goulart, em seus discursos, fundamentava estes projetos nos textos de João XXIII]. Segundo Alceu, os projetos de reforma social de Goulart visavam consolidar “a democracia social, na linha de nossa autêntica tradição histórica”, de democracia com fundamentação popular e cristã.
Em obras posteriores, Alceu demonstrou claramente que as idéias cristãs exigem, como ideal histórico atual, uma forma de socialismo humanista (era também o ideal de Pontes de Miranda, católico, pouco antes de morrer).
Na terminologia atual, a democracia social e popular poder ser chamada, também de “um socialismo participativo” e “humanista”, para usar os termos de Marciano Vidal, talvez o maior teólogo ético da Igreja, nos anos 70, 80 e 90 do século XX, sendo ainda atual.
A preocupação com a liberdade individual (pessoal, personalização) é correta e necessária, desde que numa síntese com o bem comum, com a socialização.
Esta preocupação foi compartilhada por pensadores como Bielinski, que também tinha em alta conta o “destino do sujeito, do indivíduo, da pessoa” (de cada pessoa), sendo este um ponto essencial num socialismo. Isto fica claro nos melhores textos de Jean Jaures, Karl Kautsky, Bernstein e outros.
No mesmo sentido, há bons textos de Herzen, Tolstoi, Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Ibsen, Oscar Wilde, Anatole France, Zola e outros.
Estes textos de apologia da liberdade pessoal (nos limites da razão, e em boa síntese com o bem comum), redigidos por estes grandes pensadores, somente demonstram o poder da difusão de boas verdades, pois a Igreja também considera a liberdade pessoal racional (nos limites do bem comum e em síntese com este) como algo essencial, bom e querido por Deus.