Uma boa crítica do neoliberalismo econômico, por Luís Carlos Bresser Pereira

Colhi o texto, de Bresser Pereira, no 247. Vou transcrever, a seguir, intercalando algumas notas minhas e pondo as frases mais importantes em marrom vermelho.

Os problemas fundamentais da economia brasileira resultam do liberalismo econômico dominante. Mesmo quando o liberalismo não cai no populismo fiscal, ele não tem condições de garantir um verdadeiro desenvolvimento econômico que implique catching up ou alcançamento. São três as razões para isso.

O liberalismo econômico defende política monetária de “aprofundamento financeiro” que resulta em um nível de taxa de juros elevado, que tem como consequências:
o (a) apreciação de longo prazo da moeda nacional [sobrevalorização da moeda, quando o correto seria desvalorizar a moeda, como fizeram a China e outros países],
o (b), desestímulo do investimento e, portanto, ao crescimento,
o (c) aumento do deficit público e desequilíbrio fiscal.

• O liberalismo econômico ignora a doença holandesa, que resulta o também apreciação de longo prazo da moeda nacional [sobrevalorização do real, a linha básica tucana, neoliberal, entreguista];
o também desestímulo ao investimento e, portanto, ao crescimento.

• O liberalismo econômico defende a política de crescimento com deficits em conta-corrente e endividamento externo, ignorando que essa política significa a também apreciação de longo prazo da moeda nacional;
o também desestímulo do investimento e, portanto, ao crescimento,
o financiamento mais do consumo do que da poupança e de investimento, e, portanto, o populismo cambial [há um erro em adotar um termo equívoco como “populismo”, pois este termo foi cunhado pela CIA para designar políticas populares, de apoio ao povo. Bresser não deveria usar este termo].

“É isto o que ensina o novo desenvolvimentismo, mas as elites brasileiras estão convencidas pelo Norte que o liberalismo econômico é racional. Na verdade, além de populista, defende os interesses dos rentistas e dos financistas. Mas esta é uma outra história”.