A utopia de Skinner é toda baseada em ideias cristãs, de liberdade pessoal, de libertação

O behaviorismo também tem inúmeras boas idéias cristãs, que deveriam ser depuradas dos erros de Skinner. 

Nos melhores textos do psicólogo B. F. Skinner há várias idéias cristãs corretas. Por exemplo, na “utopia” deste autor, no livro “Walden II” (São Paulo, Ed. E.P.U, 1975). 

A Igreja criticou o behaviorismo, pois esta corrente nega a liberdade humana, mas, há, nesta corrente, várias idéias cristãs. Por ironia, a utopia de Skinner contradiz as bases do behaviorismo, pois a utopia é baseada em ideias clássicas católicas de liberdade pessoal, de diálogo, de libertação. 

Em seu esboço de utopia, Skinner seguiu a tradição cristã (de Tolstoi, Thoreau, sendo também a de Gandhi, pois o próprio Gandhi confessa que se valeu tanto do Evangelho como do Bhagavad Gita), expondo boas e antigas regras para uma sociedade melhor.

Vejamos algumas destas idéias, transcrevendo textos de Skinner: “construa um modo de vida no qual as pessoas vivam juntas sem brigar”, baseado na “cooperação ao invés da competição”; “mantenha esse mundo com sanções éticas brandas” (educativas, recuperadores, como frisou Francesco Carnelutti), “ao invés de polícia ou força militar” [a polícia pode existir, mas sem violência, com inteligência e presença comunitária]; “transmita a cultura” usando “uma tecnologia educacional poderosa”; “reduza o trabalho compulsório ao mínimo”; e “experimente” [a história é mestra, como frisou Cícero, pois a experiência do povo é criadora]. ÓTIMAS IDEIAS cristãs, católicas. 

Jean-Marie Guyau (1854-1888) foi outro autor que defendeu uma ética baseada no consenso e no diálogo, deixando claro que a ética e o direito não têm, em seu núcleo, a sanção, e sim bons preceitos racionais e adequados ao bem comum.

Guyau escreveu obras como a “Crítica da idéia de sanção” e criticou a aplicação das idéias de Darwin ao direito. Edgar de Godói da Mata Machado e outros católicos também foram adeptos da tese anti-coercitiva, da tese jusnaturalista, que fundamenta o direito e o poder na consciência do povo.

Por isso, a Escola Clássica do Direito Penal, de origem católica, é Garantista, é baseada em Beccaria, em Luigi Ferrajoli, lutando pela erradicação das Penitenciárias, dos grandes presídios, das penas fechadas, pela substituição por penas abertas, penas sem encarceramento, sem destruição da personalidade humana. 

Conclusão: estes “preceitos” de Skinner contêm, implicitamente, o reconhecimento da liberdade humana racional. Nas entranhas de sua utopia, abolindo a violência e a opressão, Skinner quer uma sociedade pautada pela liberdade racional e bondosa das pessoas, ou seja, uma “civilização do amor”, do Diálogo.

Para um pensador como Skinner que critica a ideia de liberdade é até engraçado e muito irônico ver que baseia toda sua utopia em ideias profundamente cristãs de um “reino da liberdade”, da razão, do melhor do espírito humano.