Todas as pessoas devem ter parte no Estado, na organização da sociedade, para assegurar a todos a felicidade temporal

A autoridade (os agentes públicos e as estruturas estatais e sociais) deve espelhar a ação de Deus, sendo como que um representante da ação divina e dos interesses do povo, sempre em movimento em prol do bem comum.

No final da encíclica “Notre Charge”, Pio X destacou que “Nós desejamos vivamente que” os leigos e homens de bem “tomem parte ativa na organização da sociedade”, para (como “fim”) tornar “acessível” a todos “a felicidade temporal”.

Assim, Pio X concluiu: todas “as engrenagens sociais deveriam estar organizadas de tal forma” que gerem o bem comum e “paralisassem os esforços dos maus”. Todas as estruturas estatais devem promoverem e defenderem o bem comum, devem regenerar e recuperar os maus, livrando as pessoas da maldade, das opressões, da iniquidade.

Pio XI, na encíclica “Ubi arcano” (23.12.1922), também ensinou que o cristianismo (como o judaísmo, antes, e também o melhor da Paidéia) prega “o culto do direito”, pois “a fonte do direito” (e da “autoridade” legítima) vem de Deus, pela mediação da consciência (cf. São Paulo, no início da “Carta aos Romanos”, no capítulo 2).

O “sujeito da autoridade política é o povo”, como destacaram Pio XII e João Paulo II.

A Igreja não tem uma fórmula pronta, pois sabe que a fórmula correta é a sabedoria do povo (dos leigos, especialmente), que deve irradiar-se por toda a sociedade, por todo o Estado. A Igreja tem apenas princípios, ideias gerais. Está certo o brocardo latino que ensina que “a sabedoria civil” (do povo) é “coisa santíssima” (“est quidem res sanctissima civilis sapientia”).

Conclusão: como ensinou o então Cardeal Ratzinger (hoje, Bento XVI), no livro “O sal da terra” (Rio, Ed. Imago, 2005, p. 112 e 114), “existem diferentes escolas políticas no catolicismo” (liberdade política), o que importa é que “os cristãos, em todos os partidos, atuem de acordo uns com os outros, de modo transversal”, “no que diz respeito às questões éticas essenciais da política, a partir da sua responsabilidade comum” pelo bem comum.

Resumindo – nenhum cristão (católico) deve apoiar a privatização de tudo (liberalismo) e nem a estatização de tudo (coletivismo), pois o correto é um meio termo, difusão de bens pequenos e médios para todos, patrimônio estatal amplo, estatais, cooperativas, economia mista, ponto bem explicado por Liberatore, Pesch, Ketteler, Antoine, Toniolo, Buchez e outras estrelas da Igreja. 

Afinal, “Deus é amor” (cf. I Jo 4,16), o Ser que tem com Plano o Bem comum (em inglês, “good”, bom”, decorre de “God”, “Deus”).