Pierre Agustín Caron de Beaumarchais (1732-1799) foi comediógrafo e espião. Ajudou a França a dar armas para os revolucionários dos EUA no processo da Independência.
Em sua peça “As bodas de Fígaro” – peça que colaborou no desencadeamento da Revolução Francesa, pois foi representada em 1784 –, fez seu personagem literário, o barbeiro (médico) Fígaro, dizer, num lindo monólogo contra a nobreza:
“Porque sois um grande senhor, julgais que sois um grande gênio! (…). Tivestes o trabalho de nascer e nada mais. (…) Enquanto eu, bom Deus!, perdido na multidão obscura, tive que usar de mais saber e mais prudência apenas para existir do que a que foi usada nos últimos cem anos para governar toda a Espanha. (…). Tento continuar uma carreira honrada; e sou rejeitado em toda a parte! Estudo química, farmácia, cirurgia; e toda a influência de um grande senhor consegue apenas pôr-me na mão uma lanceta de veterinário”.
Os trabalhadores têm muito mais sabedoria que as pessoas com muitos bens.
Isto fica claro na vida cotidiana. Basta pensar numa mãe de família pobre com dez filhos, tendo como única renda o salário mínimo do marido ou do próprio subemprego; num doente num hospital pobre; nos deficientes; nos jovens negros nascidos e criados em favelas etc.