O socialismo cristão pré marxista foi a matriz principal das ideias de Marx, suas principais ideias são ideias cristãs anteriores

Foi na Bíblia que os grandes expoentes da democracia e do socialismo retiraram o sumo de suas idéias.

Isto fica claro nos textos de homens como os Santos Padres, Santo Tomás Morus, Campanella (cf. “A Cidade do Sol”, 1623), Morelly, Mably, Rousseau, Babeuf, Buonarotti, o Círculo Social (com o padre Faucher e outros), o padre Jacques Roux, os “enraivecidos”, a antiga Liga dos Justos (baseada nos textos de Weitling, Sismondi, Lamennais e em outros autores religiosos), os cabetistas e centenas de outros autores.

Karl Marx, a partir de 1842, sintetizou idéias destas correntes cristãs e religiosas, mais antigas, esboçando sua síntese, baseada nestes antigos conteúdos, mantendo-os, como núcleo de seu ensinamento, mas dentro de termos da terminologia hegeliana e dos economistas da época.

Lembro que Marx estudou num Ginásio criado pelos jesuítas, o Ginásio de Trier, de 1830 a 1835, dos 12 aos 17 anos, tendo como 32 colegas, dos quais 25 eram católicos, quase todos seminaristas, que se preparavam para o Seminário Maior. Ou seja, teve escola secundária e parte da fundamental, católicas. Tinha inclusive um tio católico, o tio Hirsh, irmão de seu pai. 

Harold Laski elogiou como precursores de Marx os seguintes autores: Mably, Morelly, Sismondi, Coleridge (1772-1834, anglicano ecumênico), Thomas Carlyle, Southey, Linguet e especialmente Antonio Eugênio Buret (1811-1842).

Buret era discípulo de Sismondi e foi um dos principais socialistas pequeno-burgueses, cristão e precursor direto de Engels.

Marx elogiou Buret, nos “Manuscritos”, de 1844.

Laski também considerou Phillipe-Joseph Buchez (1796-1865) como outro dos precursores diretos de Marx. Buchez foi um socialista católico, citado por Marx desde suas primeiras obras, como, por exemplo, no ensaio “Sobre a questão judaica” (1843).

Ocorre que todos estes autores eram bons cristãos, em geral católicos ou anglicanos.

Carlyle (1795-1881), por exemplo, foi extremamente lido pelo jovem Engels e criticou as mazelas do capitalismo, tendo escrito boas obras como “A Revolução francesa” (1837), “Os heróis” (1841) e “Sartor resartus” (1834), sendo esta última um bom elogio aos artesãos.

Carlyle se inspirava em Buchez, especialmente no livro sobre “A Revolução Francesa” (1837) e em Sismondi.

Carlyle ensinava que o poder de Deus fica patente (explícito) no heroísmo, na prática das virtudes, sendo esta a principal forma de atuação divina no mundo. Heroísmo não significa apenas morrer pela pátria ou para salvar outra pessoa, mas agir corretamente, com bondade (visando sempre o bem comum), durante a vida.

Marx foi um codificador, elaborando sínteses com bases em fontes pré-marxistas, praticamente todas inspiradas no cristianismo ou no pensamento hebraico (por exemplo, Moses Hess).

Babeuf e Buonarotti eram teístas, seguindo a linha teórica cristã de Santo Tomás Morus, Campanella, Morelly e de Mably (também de Rousseau).

Da mesma forma, o Círculo Social, Robespierre, Marat, Saint-Just, os curas vermelhos, Jacques Roux, Petit-Jean, Croissy, Carion, Cournand ou Pierre Dolivier.

O próprio Marx, tal como Engels, reconheceram que estes autores foram seus precursores.

Este ponto fica patente no “Manifesto” e também no livro “Anti-Dühring”, a síntese de Engels. Idem, para o “Manifesto Comunista”.