A Igreja nunca apreciou o contrato de trabalho, deve ser superado, transformado em contrato de sociedade

O trabalhador, e sua “capacidade produtiva”, não são uma “coisa, da qual a sociedade dispõe como quer”, e sim “uma pessoa”, com “necessidades materiais e espirituais” e sagrada (cf. ensinou Pio XII, em 31.10.1948).

A doutrina da Igreja defendeu os direitos sociais e trabalhistas do trabalhador na relação contratual (do contrato de trabalho, como assalariado), mas sem nunca considerar que esta situação de assalariado era boa e a melhor.

A situação jurídica e econômica de assalariado é, em regra, despersonalizante, opressiva e não natural.

Ao contrário, a boa situação é a situação onde o trabalhador controla os meios de produção e seu produto, onde trabalha com liberdade (daí o elogio aos camponeses, artesãos, pequenos burgueses, trabalhadores autônomos, profissional liberal etc).

A relação assalariada deve ser gradualmente abolida, com a transformação dos assalariados em controladores (pastores, supervisores) das máquinas, associados, cooperados, como o próprio Marx esboçou em alguns textos, bom base em Buchez, Blanc e outros. Este também foi o ideal esboçado por vários anarquistas.

Controlar os bens significa “admininstrá-los”.

A palavra “administração” vem do grego “oikonomia”, economia, derivado de oikos, casa. O “oikonómos” era o administrador de uma casa e daí surgiu o termo “economia”, “oikonomia”.

A “chrehmatistiké” era a habilidade nos “negócios”, na acumulação, mal vista por Aristóteles, como lembrou Alceu.

De “oikonomia” nasceram as palavras “econônomo”, “gerente”, “administrador”, “gestor”. As raízes da palavra mostram bem que o principal é a “administração” e, por isso, nas universidades, a cadeira para gestores se chama administração de empresa.

Um ponto constante da doutrina jurídica e política da Igreja é justamente assegurar a cada pessoa um lote de terra (na cidade ou no campo, de preferência em pequenas cidades que são a forma de fusão do campo e da cidade, cf. Sorya y Mata e Howard), assegurar a cada família um lar, uma boa casa. Da mesma forma, uma parte dos meios de produção, onde a pessoa trabalha. 

Uma boa casa é a forma mais importante de “pequena propriedade” (cf. Pio XII, Mensagem de Natal de 1942) para a dignidade e a liberdade da pessoa.

Mesmo esta pequena propriedade não deveria ter formas quiritárias (absolutas, não sujeitas ao controle social), deve ser “fruto natural do trabalho” (cf. Pio XII, 01.09.1944) e estar sujeita ao controle social.