A sociedade e o Estado devem atender e satisfazer as necessidades humanas básicas, a cada um de acordo com suas necessidades

As necessidades e as aspirações humanas são sagradas e devem ser atendidas e satisfeitas pela sociedade, o Estado etc.

Isso vale inclusive pelas freiras e frades contemplativos (que sempre fazem trabalhos manuais e intelectuais, fiéis ao espírito da regra beneditina).

João XXIII, na carta às religiosas (de 02.07.1962), ressaltava:

“sim, deveis estar espiritualmente presentes a todas as necessidades da Igreja militante. Nenhuma desgraça, nenhum luto ou calamidade vos encontre estranhas; nenhuma descoberta científica, congresso cultural, reunião social e política vos faça pensar: “são coisas que não nos interessa”. Que a Igreja militante possa contar convosco sempre que a vossa contribuição espiritual for necessária para o bem das almas e também para o verdadeiro progresso humano e a paz universal”.

A lição de João XXIII é excelente: mesmo os mais contemplativos devem ter em conta as necessidades sociais, as idéias, os projetos, as aspirações, as desgraças e as descobertas científicas da sociedade.

O bem, sendo difusivo, exige dos contemplativos que ensinem e rezem pelo bem comum, para que todos tenham os bens necessários e suficientes para uma vida digna, plena e feliz.

A Igreja tem o dever de “proferir” um “juízo moral sobre realidades que se relacionam com a ordem política, quando o exigirem os direitos fundamentais da pessoa” (cf. “Gaudium et Spes”, n. 76).

Os esforços de ecumenismo do monge trapista Thomas Merton (o padre Louis) tinham a mesma linha ecumênica (manteve correspondência com Martin Luther King).

O monge Merton mantinha diálogo com socialistas, budistas e religiosos chineses, confucianos, taoístas, xintoístas e outros, como pode ser visto em obras como o “Diário na Ásia”.

Os textos do trapista Merton constituem excelente exemplo de militância social e política, sendo digno de nota o fato de Merton ter sido uma grande estrela de uma das ordens mais rigorosas e fechadas, a Ordem Cisterciense da Trapa (reformada por Rancé, em 1662) .

Esta militância deve estar presente até na vida dos monges da Igreja, e em escala bem maior nos sacerdotes, bispos, sendo, no entanto, a tarefa sagrada específica dos leigos.

A ação dos leigos tem exemplos específicos na vida de Moisés, dos profetas e de grandes santos.