A mente humana é essencialmente planificadora, como expus no livro sobre as origens cristãs do socialismo. Este caráter planificador da consciência é que explica o potencial maléfico dos erros, da ignorância e da mentira.
O ponto central é que há a liberdade, esta boa e há a necessidade de bons planos, como planos de vôo.
São estas premissas antropológicas que possibilitam a democracia e uma economia planificada de forma participativa e livre, como mostrou Pontes de Miranda, em várias obras importantes.
Como ensinaram os bispos brasileiros, na “Declaração de Goiânia”, “a cultura [o conhecimento, que nasce de forma discursiva, dialógica, por consensos, por sínteses consensuais] só pode vicejar onde há liberdade de pesquisa”, “uma justa liberdade de pesquisa e de ensinamento, para que se possa ter um autêntico progresso no conhecimento e na compreensão” (cf. João Paulo II, discurso na Gregoriana, em 15.12.1979).
O Estado deve ser um fórum de convivência, de auto-regulação, de cooperação, harmonizando (coordenando) as forças vivas da sociedade.
Este é o ensinamento do jusnaturalismo cristão e hebraico, como pode ser visto em milhares de autores. Por exemplo, nos textos de Alceu, Maritain, Buchez, Ozanam, em Del Vecchio (ver “A verdade na moral e no direito”, Roma, 1952), Mounier, Jean Lacroix e outros.
Antônio Genovesi (1712-1769) também ensinava que a vida e a luta por uma vida mais digna é “de direito natural” e, assim, “a terra, em caso de necessidade, é um patrimônio comum”, devendo ser controlada de forma participativa.
No mesmo sentido, Ludwig Borne, Weitling, Karl Schaper e outros líderes cristãos da Liga dos Justos, precursora cristã do melhor do marxismo.