A suficiência (independência e segurança) econômica e social é o ideal hebraico e cristão.
Por isso, há o primado das necessidades sociais (de todos) sobre os interesses privados. Este primado é o do bem comum, da pessoa (logo, do trabalho).
Neste sentido, o próprio Getúlio Vargas ressaltava que a concepção cristã que adotava tinha como finalidade a emancipação econômica do Brasil, ou seja, nossa independência econômica, que completaria a independência política.
Na assessoria econômica de Getúlio estavam homens como Rômulo de Almeida, Jesus Soares e ele ainda estava cercado de gente como Barbosa Lima Sobrinho, João Goulart, o gen. Lott, Darcy Ribeiro, Adalgisa Nery, os militares nacionalistas, Pedro Simon, Tancredo Neves, Nélson Carneiro (católico de um modo heterodoxo).
O ISEB, no governo de Juscelino, era todo formado por getulistas, pessoas da antiga Assessoria Econômica de Getúlio ou próximos.
O getulismo confundiu-se e fundiu-se com o trabalhismo, o socialismo democrático e o nacionalismo, pontos que Getúlio considerava como ante-salas para um socialismo cristão brasileiro.
Era o mesmo credo (democracia popular e social) de homens como Roberto Lyra, João Mangabeira, Francisco Mangabeira, Paulo de Tarso, Plínio de Arruda Sampaio e outros, embora em Getúlio houvesse também erros autoritários herdados do positivismo de Castilhos.
Os interesses privados são lícitos quando estão em consonância com o bem comum e da própria pessoa.
Neste mesmo sentido, Marx, em “A sagrada família” (cap. VI), reprisou a tese tomista do bem comum, escrevendo: “o interesse pessoal esclarecido é o princípio de toda moral”, quando o “interesse privado de cada pessoa coincide com o interesse geral da humanidade” (há a mesma ideia num texto do jovem Marx, sobre a vocação, quando ele tinha uns 17 anos).