Denis Diderot foi católico boa parte de sua vida. A maioria de seus textos está em boa harmonia com as ideias da Igreja. No final da vida, tornou-se discípulo de Sêneca, morrendo estoico, panteísta, e não como ateu. Os artigos da “Enciclopédia” são teístas e muitos são textos católicos, escritos por vários padres, que participavam da redação da “Enciclopédia”, ponto que vou tratar em outra postagem.
A última obra de Diderot foi magnífica. Foi o “Ensaio sobre a vida de Sêneca, o Filósofo”, depois reeditado por Diderot, como título “Ensaio sobre os reinados de Cláudio e de Nero, e sobre os costumes e os escritos de Sêneca, para servir de introdução à leitura desse filósofo” (São Paulo, Ed. Perspectiva, 2017, tradução de Newton Cunha, edição organizada por Jacó Guinsburg).
Todos os Santos Padres da Igreja elogiaram Sêneca, que é o estoico mais humano.
Diderot apenas seguia a linha de Justus Lipsus, um grande católico estoico, tal como a linha de La Rochefofoucauld, de Montaigne e outros grandes católicos.
Seneca escreveu obras magníficas como “Da Providência”, “Da Clemência”, “Dos benefícios”, “Cartas a Lucílio”, “Questões naturais”, “Da tranquilidade da alma”, “Da vida feliz”, “A constância do sábio”, “Da ira”, “Da brevidade da vida”, “Medéia” e outras.
Por décadas, a esquerda venerou Diderot, atribuindo a este o livro “O Código da natureza” (1755), do abade Etienne Gabriel Morelly (1718-1778), sobre o socialismo.
A obra de Morelly foi continuação da obra de São Tomás Morus, e o próprio Marx ficou tão apaixonado pelas ideias de Morus e de Morelly que adotou, a vida toda, o apelido de “Moro”, “Mouro”, em homenagem a Morus (Mouro, em latim).
Tal como Proudhon, Morelly defendia a economia mista. Não queria toda a eliminação da propriedade privada, e sim a difusão da pequena propriedade para todos.
Defendia que todas as pessoas tivessem os bens para uso imediato, para suas necessidades, seus prazeres e seu trabalho diário, tal como queria vasta propriedade pública, para ajudar todos.
Vejamos o texto em inglês, sobre o que queria Morelly – “As did the later writer Proudhon, Morelly did not call for the elimination of all private property. Among the “sacred and fundamental laws” he proposed was “Nothing in society will belong to anyone, either as a personal possession or as capital goods, except the things for which the person has immediate use, for either his needs, his pleasures, or his daily work.” He was opposed, however, to the ownership of property beyond what an individual needed and, especially, to private property used to employ others”.