A Igreja luta para que todos tenham vida plena, simples, feliz, abundante, digna, sem miséria, sem reificação

Leão XIII, na “Alocução” de 24.01.1903, lembrou que o conceito cristão de “nobreza” (“kalokagathía”, em grego, cf. consta no livro de Aristóteles, “Ética a Eudemo”, livro VII) significa pessoas boas e sábias que se dedicam ao bem comum (como os guardiões de Platão), pessoas que se sacrificam pelo próximo, pelo bem do povo. Os que lutam por boas condições de vida para os trabalhadores, o povo. Pessoas nobres são as que lutam pela igualdade social. 

Nesta alocução, Leão XIII ressaltou que os Papas “tiveram sempre” “empenho em proteger e melhorar a sorte dos humildes”, “em proteger e elevar as condições” de todos. Como está no “Magnificat”, de Maria, Deus quer que os proletários sejam elevados, tenham bens, tenham uma vida digna, plena, abundante, simples e feliz, sem miséria, sem exploração. 

Leão XIII continuou, dizendo – fazendo isso, o clero e os leigos portam-se como “os continuadores da missão de Jesus Cristo”, “na ordem religiosa” e “ na ordem social”. Afinal, Cristo passou “sua vida privada” como “filho de um artesão”, numa “habitação humilde”.

Na “vida pública”, Cristo, que nos dá exemplo, “comprazia-se em viver no meio do povo, fazendo-lhe o bem de todas as maneiras”.

Este é o papel do clero, dos leigos e de cada pessoa, viver do trabalho, “no meio do povo”, fazendo “o bem de todas as maneiras”, pautando tudo pelo ideal (pelas regras racionais) do bem comum, pela mediania, pela igualdade social, pelo fim das guerras, da miséria, dos crimes, da exploração etc.