A ação e intervenção corretas e justas do Estado não elimina a propriedade particular, e sim a difunde para todos.
Uma boa ação estatal, um bom Estado social, deve eliminar e abolir, sim, as seguintes pragas:
a) o direito quiritário de propriedade (de matriz romana-escravocrata, criticado por Ketteler, Adam Müller, Pio XI e outros Papas), instituindo um direito de propriedade-posse, mais fraco, pautado pela função social de todos os direitos privados, que assegure mediania, bens para todos, pequenos e médios bens, difundidos para todos;
b) o “capital”, a “propriedade capitalista”, claramente uma “estrutura de pecado” (cf. texto dos bispos em São Domingos). O velho Marx definiu bem o “capital” como “o ser do seu não-ser: o capital” do trabalhador (cf. “Grundrisse”, t. I, p. 414), a “mais-vida objetivada não recuperada pelo trabalhador” (cf. Enrique Dussel), enfim, significa os produtos e os meios de produção organizados numa relação produtiva em contraposição, sem controle dos trabalhadores, usados para extrair o suor e o sangue dos pobres. Na prática, capitalismo significa grandes e médios meios de produção movidos por trabalhadores assalariados, imersos no mercado gélido (ódio gélido) da cobiça e da concorrência. A solução é transformar os grandes e médios meios de produção em cooperativas e estatais, e erradicar as grandes fortunas privadas, as mansões, carros milionários ou de luxo etc;
c) os monopólios privados, que são a exacerbação do capitalismo, na forma de capitalismo monopolista privado, especialmente na forma horrenda de multinacionais. O velho Pio XI já ensinava na “Quadragesimo anno” (texto elogiado por Leônidas Rezende, Osny Duarte Pereira e outros) que os grandes meios de produção deveriam pertencer ao Estado (estatais) ou a cooperativas sob amplo controle estatal;
d) especialmente a propriedade latifundiária, que o projeto de PEC (Projeto de Emenda Constitucional) popular patrocinado pela CNBB tenta colocar “fora da lei”, proibindo a propriedade fundiária de mais de mil hectares. Erradicar o latifúndio é medida excelente, que o Graco, na antiga Roma, defendiam, tal como Moisés defendia, bem antes; e
e) as grandes fortunas privadas, que são como tênias, solitárias, que engordam com o sangue dos pobres e trabalhadores. A solução é o distributismo. Todas as pessoas devem ter casas próprias, móveis, roupas de qualidade, acesso à internet banda larga, equipamentos bons de trabalho, carros elétricos hiper econômicos e de pequena velocidade, tal como é bom que haja milhões de pequenas e médias empresas familiares, para dar variedade à economia, flexibilidade e aproveitar as capacidades de todas as pessoas.
Conclusão: o princípio da destinação universal dos bens (o distributismo, elogiado por Chesterton, Hobson e outros) é a base teórica principal do bem comum e, assim, de uma sociedade (e dUme um Estado) justa.
Todas as pessoas devem ter uma cota parte do bem comum, como explicou o Papa Bento XVI, na encíclica social que redigiu.