O velho Leon Tolstoi (1828-1910), que teve treze filhos (quase igual a Dickens), escreveu, no final da vida, o livro “Calendário da sabedoria” (Rio, Ed. Prestígio, 2005), que é inspirado no Santo Ofício da Igreja Católica, pois é um calendário que tem leituras selecionadas, dia a dia, para o ano todo. Liturgia, espírito litúrgico.
O livro é uma coletânea de textos colhidos em grandes autores, especialmente os grandes estoicos. Há também textos bíblicos, budistas, chineses, da literatura árabe, de Emerson, Ruskin, Dickens e de grandes escritores.
Tolstoi era anarquista religioso. Queria uma sociedade onde os trabalhadores controlassem os meios de produção. Queria pequenas e médias propriedades espalhadas para todos, na forma de posses estáveis, pequenas granjas familiares, pequenas e médias oficinas familiares, artesãos e, para os grandes meios de produção, queria cooperativas. Enfim, no fundo, é uma economia mista, com muita difusão de bens. E nisso, como em vários outros pontos, os melhores textos de Tolstoi se aproximam da Doutrina social da Igreja.