A Grécia antiga foi também profundamente influenciada pelos semitas, especialmente pela mediação egípcia, dos hitititas, fenícios, assírios, babilônicos (caldeus), medos, persas etc. Os persas conquistaram o Egito, a Trácia e a Macedônia. Antes do apogeu de Atenas, a influência fenícia, semita e persa já era imensa. Em 508, Clístenes, um dos principais democratas de Atenas, buscou a aliança persa contra Esparta.
Atenas só consolidou a democracia em 508 ou 507 a.C., por causa da morte dos tiranos, da família Psistrátidas (Hípias e Hiparco). Pois bem, a morte do principal tirano, Hiparco, ocorreu em 514 a.C., segundo Heródoto, por várias causas, sendo uma das principais a ação de “Aristogíton e Harmódio, gefireus de origem”, de origem fenícia.
Os heróis da Democracia grega, de Atenas, com estátuas em homenagem pela superação da tirania e pela adoção da democracia, são heróis de origem fenícia.
Segundo Heródoto, a adoção da Democracia em Atenas ocorreu por causa de uma aliança dos democratas com os persas, quando “Mardônio chegou à Jônia”, obedecendo a Ciro, o Grande, libertador dos judeus. Vejamos o texto de Heródoto:
“…vou narrar um caso que muito surpreenderá os Gregos, que não acreditaram que Otanes expôs, ao Conselho dos Sete Persas, a opinião de que os Persas deveriam se reger pela democracia. De fato, Mardônio destituiu todos os tiranos dos Jônios e, nas suas cidades, estabeleceu governos democráticos” (cf. “História”, Livro VI, 43.1).
O general de Ciro, Mardônio, destituiu todos os tiranos da Jônia e nas cidades estabeleceu governos democráticos, cf. Heródoto.
Ciro primeiro derrotou o reino da Lídia. Depois, derrotou o rei babilônico Nabonido. A conquista da Lídia, vizinha aos gregos, foi que deu força a Ciro. O filho de Ciro, Cambises, conquistou o Egito, em 524 a.C.
Na Grécia propriamente dita, também havia influência egípcia e fenícia, bem remota e presente.
A cunhagem de moedas tem origem asiática também, pois é uma invenção lídia, lá por 640 a 630 a.C, tendo sido adotada pelos persas e depois pelos gregos. O mesmo vale para o alfabeto, de origem semita.
A influência egípcia e fenícia está presente na cidade de Micenas, a 90 km de Atenas, pois Micenas, a base da civilização minóica, estava ligada a Creta (daí, a lenda do Minotauro e o papel de Teseu, libertador da Grécia). O rei Agamenon era rei de Micenas, sendo, nas narrativas de Homero, a base política principal da Grécia.
Há uns 25 km de Atenas, havia Tebas, o centro político da Beócia (terra de Hesíodo, de Hércules, de Plutarco, de Antígona e outros), cidade fundada por Cadmo, um fenício. Tebas era uma cidade de origem fenícia, uma colônia fenícia, e foi Tebas quem gerou o alfabeto grego, que é o alfabeto fenício, adotado e alterado em pontos ínfimos. E Tebas é a sede de quase todas as grandes peças de teatro clássicas, de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes etc.
A escrita grega vem da Fenícia, pela mediação de Cadmo, pois Tebas era uma colônia fenícia. Os dramas do ciclo de Édipo, dos grandes dramaturgos gregos (Ésquilo, Sófocles, principalmente, ocorrem em Tebas, mostrando a importância desta cidade. O drama de Antígona ocorre em Tebas, antiga colônia fenícia.
A criação da escrita fonética (registro de fonemas, facilitado pela estrutura consonantal das línguas semitas) foi uma criação semita, lá por 1.500 a.C. (cf. inscrições em Biblos, cidade ao lado de Tiro), com base na escrita cuneiforme da Suméria, da região ao lado de Ur, terra aramaica de Abraão. Os elamitas, semitas, foram a principal base da melhoria, formulação e divulgação do alfabeto silábico cuneiforme, que gerou o alfabeto de Biblos, de 20 e poucas letras, sendo esta a fonte principal do alfabeto fenício e hebraico (e aramaico).
A escrita cuneiforme ugarítica, com 30 letras, derivada do alfabeto silábico cuneiforme, é a forma histórica conhecida da primeira escrita fonética. Foi usada de 1.500 a 1.200 a.C., gerando o alfabeto fenício-amaraico (língua irmã do aramaico e do hebraico), lá por 1.000 a.C.. Depois, a escrita fenícia foi adotada pelos gregos, lá por 800 a 700 antes de Cristo.
O alfabeto sumério-ugarítico e fenício, especialmente com base nas línguas semitas (aramaicas), foi também adotado pelos hebreus.
Os hebreus podem ter gerado de forma simultânea o alfabeto. Foi também adotada pelos árabes, tal como pelos latinos e pelos cristãos orientais (na forma aramaica).
O alfabeto fenício-semita, aramaico, foi adotado também na Índia, no bakhti, a primeira forma escrita, baseada neste alfabeto ugarítico-fenício, gerado no complexo cultural sumério, aramaico, semita e hebraico. A cultura indiana recebeu influências do Crescente Fértil, influência semita. A religião hindu, o hinduísmo, tal como o budismo, tem matrizes fenícias, pela escrita adotada, e pelos vínculos entre a área cultural persa-semita (elamita) e a Índia, por causa da invasão dos ários (de origem na área da Pérsia, inclusive perto do Tigre e Eufrates e o Mar Morto), origem dos “ários” (o termo ariano vem dos povos iranianos, com vasta influência semita). Os nazistas distorceram e não entenderam que boa parte da cultura ariana tem origem semita.
A Jônia, a base principal da cultura “grega”, a área que gerou a filosofia grega (não foi em Atenas, e sim na Ásia, na Jônia, onde é a Turquia hoje) sempre esteve banhada pela influência asiática-semita. Esteve sob controle hitita, depois persa-fenício (pois os persas controlavam a Fenícia) de 557 a 479 a.C., tal como de 387 a.C. até ser libertada e colocada sob o controle de Alexandre, o grande.
Os persas, tal como antes os fenícios, estavam em ligação com os hebreus, que estavam dispersos entre os assírios desde 722 a.C. e também cativos na Babilônia, desde 586 a.C.
Nos séculos VIII, VII e VI a.C., boa parte da Paidéia foi gestada na Jônia, na Ásia, mais do que na Grécia. Outra parte brotou do sul da Itália, área ligada aos fenícios, especialmente o pitagorismo. A importância da área da Jônia fica clara até nas narrativas sobre Tróia, pois Tróia fica na Jônia, na Ásia, na Turquia, hoje.
A filosofia “grega” nasce nas cidades jônias e em relação com a Itália do sul, com a Sicília e a Sardenha, áreas em estreito contato com os fenícios e com o Oriente.
Na Itália, os etruscos, povo que deu origem aos romanos, tinha também origem na Ásia Menor, como explicou Heródoto. Os etruscos eram originários da Cária, uma região ao sul da Jônia. A Cária era chamada, originalmente, de Fenícia, pois era uma colônia fenícia, logo, semita.