Rousseau, no livro “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, num trecho que colhi do livro “Textos filosóficos de Jean Jacques Rousseau” (São Paulo, Ed. Paz e Terra, 2002, p. 35), ao criticar a tirania, escreveu: “este sistema odioso está longe de ser, mesmo hoje, o dos sábios e bons monarcas, e principalmente dos reis da França, como se pode ver em vários pontos de seus Editos e particularmente na seguinte passagem de um escrito célebre, publicado em 1667, em nome e pelas ordens de Luíx XIV”.
Em seguida, no livro referido, Rousseau transcreve o documento de Luís XIV: “que, portanto, não digam que o soberano não está sujeito às leis de seu Estado, pois a proposição contrária é uma verdade do direito das Pessoas que a adulação atacou, mas que os bons Príncipes sempre defenderam como uma divindade tutelar e seus Estado. Como é mais legítimo dizer com o sábio Platão (427-347 a.C.), que a perfeita felicidade de um Reino é que um Príncipe seja obedecido por seus súditos, que o príncipe [primeiro magistrado, todos os agentes públicos] obedeça às lei e que a lei seja justa e sempre dirigida para o bem público”, que é o bem comum, da sociedade.
Rousseau e o documento mencionam a carta n. VII, de Platão, que deixa claro que o poder deve estar sujeito à lei, às leis justas, que expressam as necessidades, as ideias práticas do povo (lei natural), as exigências (deveres, obrigações) requeridas pelo bem comum.