O livro de Ricardo C. Salles, “O legado de Babel” (Rio, Ed. Opera Nostra, 1994, com prefácio de Antonio Houaiss, p. 120), trata das línguas turcomanas, que mostram a influência cultural semita através da China, pela Rota da Seda.
Na página 120, Ricardo Salles trata dos uigures, povo que permeia a área entre o Turquestão e a China. Os uigures seguiam o maniqueísmo, no fundo, uma síntese entre cristianismo, zoroastrismo (mazdeísmo, mitraísmo) e budismo. A escrita uigure, o alfabeto uigure, tem base no alfabeto aramaico (irmão do alfabeto fenício e hebraico), que “lhes foi transmitido pelos sogdianos, povo indo-europeu, de origem irânica oriental e cujo idioma era, desde os primeiros séculos da era cristã, língua veicular em toda a Rota da Seda. A escrita uigure é, inclusive, a base da escrita mongólica tradicional. Os uigures são tidos como os precursores da imprensa, arte que transmitiram aos mongóis, que, no século XIV, a introduziram na Europa”.
As línguas turcomanas tem “origem altaica”, línguas faladas na Turquia, em Chipre, em várias partes da Federação Russa, na China (Sinkiang) e na Mongólia ocidental. Estas línguas estão ligadas aos hunos, aos mongóis. No fundo, estas línguas, que ligam o Irã (Pérsia antiga) a Turquia, ao Mar Negro, ligam também, fazendo um duto cultural, com a China, a Mongólia, o Tibet etc. Por esta via, muitas ideias semitas atingiram a China, influenciaram o budismo, o hinduísmo, o taoísmo etc.