O zoroastrismo ou mazdeísmo tinha, dentro de si, ideias semitas, fenícias e hebraicas

O zoroastrismo (o mazdeísmo), difundido entre o governo persa (ligado aos hebreus), foi uma das formas de divulgação de partes do pensamento semita-hebraico. Este ponto fica claro no livro “Ciro” (sobre Ciro II, o libertador dos hebreus), de Xenofonte, tal como nos textos de Heródoto.

Isto deve ter ocorrido inclusive pelas fontes comuns babilônicas-suméricas, pela luz natural da razão e por influência direta dos hebreus. O rei Ciro II, o libertador dos hebreus do cativeiro da Babilônia foi elogiado por Isaías (cf. Is 44,28; e 45,1).Xenofonte também fez o elogio de Ciro. 

O livro “Hinos” (“Gâtha”), atribuído a Zoroastro (que teria vivido em 660-583 a.C), forma a parte mais antiga do “Avesta”, o livro sagrado do Mazdeísmo. Toda a ética do mazdeísmo é baseada na ideia do bem, do bem comum, uma ideia bem próxima das idéias hebraicas e das idéias platônicas, aristotélicas e estoicas.O tal de Nietzsche apenas deformou as ideias de Zoroastro, mas o melhor do livro de Nietzsche tem origem semita, nos velhos do mazdeísmo, nascido de ideias semitas.

Destaco que os mazdeístas, depois, migraram para a Índia. E destaco que os textos do hinduísmo foram escritos num alfabeto e escrita (brahmi) baseada na escrita aramaica. O aramaico é uma língua e escrita semita, irmã da língua hebraica e fenícia, tendo estas três amplo núcleo comum. O próprio Jesus falava principalmente em aramaico. O aramaico era a língua da Síria e era praticamente a mesma língua fenícia e judaica. 

Mais tarde, o mitraísmo (uma forma de mazdeísmo) atuou no Império Romano como uma preparação para o cristianismo.

A confluência é um dos principais modos de atuação de Deus. Confluência das ideias semitas, fenícias, persas no mundo grego e depois no mundo romano, preparando a difusão do cristianismo, com um terreno cheio de sementes férteis. 

Prova que o mazdeísmo e o mitraísmo também forneceram sólida base para o cristianismo é a heresia do maniqueísmo, apoiada pelo Império Parto. Manes (216-277 d.C.), que também se escreve como “Mani”, era persa.O maniqueísmo tinha ampla base cultural fenícia, semita, judaica e persa e também boa parte do cristianismo, em boa síntese. A síntese do maniqueísmo é a prova do unidade de ideias entre cristianismo e ideias mazdeístas (mitraísmo, zoroastrismo). A parte errada do maniqueísmo é o joio, mas há a ampla parte do trigo, a parte boa. 

Os hebreus foram protegidos no governo persa (basta ver o elogio a Ciro II, o Grande, na Bíblia) e também no Império Parta, que durou até sua assimilação pelo movimento muçulmano, lá por 640 d.C.

O pensamento muçulmano é formado por um complexo de ideias boas semitas, fenícias, judaicas, persas e também cristãs (basta ler a Surata a Maria, no Alcorão, ou a forma como o Alcorão respeita e venera Jesus, os padres, os monges etc). 

A influência boa do mazdeísmo e do mitraísmo, em seus melhores textos, foi bem exposta pelo arcebispo luterano de Upsala (Suécia), Dom Nathan Söderblom (1866-1931), que ganhou o Prêmio Nobel da Paz, de 1930.

O arcebispo Nathan é um dos marcos principais do ecumenismo, tendo organizado a Conferência Ecumênica de Estocolmo, em 1925. Para ilustrar como o arcebispo luterano acreditava nas teses ecumênicas, basta refletir que Nathan escreveu os livros “A vida futura no mazdeísmo” (1900 e “A religião da terra” (1905).

O arcebispo sueco Nathan, luterano, elogiou o que havia de bom no zoroastrismo-mitraísmo, ressaltando os pontos comuns da antiga religião persa (bem influenciada pelos hebreus) com o pensamento hebraico-cristão.

As idéias persas atingiram a Índia, na época, pois parte do terreno da Índia esteve sob o governo persa. Além disso, a própria Índia foi, em parte, povoada por povos vindos do território do atual Estado do Irã (e de áreas em torno do Mar Negro), os árias (“arianos”), lá por 1.500 a.C., por semitas, o que deixa clara a relação entre a religiosidade do zoroastrismo com a religiosidade hindu. O budismo é mais recente, pois Sidartha Gautama, o Buda, nasceu em 563 a.C.. Da mesma forma, o taoísmo também é mais novo do que o mazdeísmo, pois Lao Tsu nasceu em 605 a.C. A tradução dos textos budistas para o chinês teria sido feita por An Shi Kao, que era um parto (persa), lá por 148 a.C. Um parto, o que mostra a influência cultural semita na própria introdução do budismo na China. Destaco que o xintoísmo também tem ligações com a Pérsia, vizinha da Índia.

Lembro que o fato do Paquistão ter adotado as ideias muçulmanas mostra um substrato forte semita, histórico, numa parte da Índia, pois o Paquistão estava na Índia. O mesmo para o Afeganistão, o Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão, países vizinhos do Irã, com ampla influência persa na matriz cultural.  

O império assírio existiu desde, pelo menos, o ano 2.000 a.C. e, como a Suméria teria raízes africanas, mas depois torna-se basicamente semita, por causa dos elamitas, usando o aramaico, a língua irmã do hebraico. Os assírios levaram dez tribos de Israel, lá por 722 a.C., especialmente para a a região dos montes Zagros, a região da antiga Elam (uma das bases da Suméria, tendo Elam como capital), que era semita também, área já perto da Índia.

A região dos montes Zagros é uma das bases mais importantes do surgimento do mazdeísmo, provando a influência fenícia-semita-judaica no surgimento do mazdeísmo. 

A capital da Assíria era Nínive, tudo indica a partir de 1.100 a.C. Nínive é uma cidade bem antiga, como ensina a arqueologia que abona o ensino da Bíblia sobre a antiguidade de Nínive, uma das cidades mais antigas do mundo (cf. Gen 10,11). A Assíria era conhecida como a Terra de Nemrod, de Cush. O profeta Jonas teria pregado em Nínive, como está no livro de Jonas. O livro do Profeta Naum também cita Nínive.

Em 612 a.C., Nínive é destruída pelos Medos em aliança com os Caldeus (babilônicos). O território assírio é dividido, entre Medos e babilônicos, povos próximos dos judeus. A parte norte fica com os Medos. A parte sul, com os caldeus, com Babilônia como capital, sendo esta parte liderada por Nabucodonosor, que enfrentou a aliança assírio-egípcia.

Nabucodonosor, rei da Babilônia (605-562 a.C.), destruiu Jerusalém em 587-586 antes de Cristo. O relato feito por Nabucodonosor desta destruição está no Museu Britânico. Os hebreus lutaram de 597 até 586 a.C. Nabucodonosor é citado no livro de Daniel, na Bíblia. O Templo de Salomão foi destruído, iniciando o cativeiro da Babilônia, com o eclipse histórico dos hebreus e esta data também é praticamente o marco da criação da filosofia, por influência semita.

Foi como se o pensamento bíblico judaico tivesse se eclipsado, atuando nas sombras, influenciando o surgimento da filosofia (o que mostra as ideias comuns entre o melhor da filosofia grega com o melhor do pensamento hebraico). Heródoto escreve seu livro de “História” quando os judeus estão escondidos nos reinos medos, caldeus e, depois, persa. 

Lembro que, na Itália, os etruscos, a base cultura etrusca, mais antiga, tinha origem asiática, semita, o que, combinada com a influência fenícia na Sicília, mostra a ligações da civilização romana com o mundo semita. E Cartago é cidade praticamente vizinha da Sicília, o que mostra pontos para mostrar a influência semita no surgimento do pitagorismo e do melhor do mundo romano. 

Os medos já adotavam o mazdeísmo, que estaria difundido na área entre a Pérsia, os Medos e a Assíria, especialmente os montes Zagros, área semita, irrigada pela diáspora das dez tribos, em 722 a.C.. O mazdeísmo foi cultivado principalmente pelos persas. Era a religião dos persas, quando estes, liderados por Ciro II, conquistaram os medos, em 550 a.C. Um ano depois, em 551 a.C, o mazdeísmo era a religião oficial da Pérsia.

Dario, um dos sucessores de Ciro, construiu sua capital justamente em Susa, antiga capital de Elam, área semita e historicamente ligada aos hebreus.

Susa era a cidade onde vivia Neemias, no tempo de Artaxerxes I, que o nomeou Tirshata (governador) da província de Judá (em 444 a.C.). O livro de Neemias é uma continuação do livro de Esdras e descreve a atuação dos hebreus dentro do Estado persa.

O livro de Ester também descreve esta atuação, pois Ester teria se casado com Dario I ou com o sucessor deste, Xerxes I. Uma tábua com inscrição cuneiforme, descoberta há uns 70 anos, menciona um oficial persa, com o nome de Mardukâ (que pode ter sido Mordecai), em Susa (cf. “Revista de Ciência do Velho Testamento”, 1940/41, vol. 58, pp. 243).

Antes, no Império da Babilônia, houve a mesma atuação, como fica claro no livro de Daniel e outras passagens bíblicas.

Conclusão: as ideias semitas (dos elamitas, dos fenícios, dos judeus) influenciaram os gregos, os romanos, os persas e mesmo a Índia. Pela Índia, estas ideias chegaram ao mundo asiático distante, inclusive na China e, depois, no Japão.