A importância da língua aramaica, a língua falada por Jesus Cristo

O aramaico (também chamado de caldaico, caldeu) era praticamente a língua oficial do império sumério, dos assírios (a Síria, hoje, era chamada de “Aram”, antigamente, povoada por arameus, sendo Aram um dos descendentes próximos de Noé), do império medo e babilônico e do império persa, continuando no império Parto, espalhando-se pela Índia, pelo brahmi.

O aramaico é praticamente igual à língua fenícia e ao hebraico (o árabe é outra língua semita, próximo do arameu, do fenício, do acádio e do hebraico).

O alfabeto grego vem do alfabeto fenício, pois as colônias fenícias tiveram ampla influência na Grécia, através das cidades de Tebas na Grécia, de Cartago e também das colônias fenícias em Creta, Chipre e outros países da Europa (Marselha e outras cidades da Espanha etc) e da África (Cartago e outras).

Os hebreus tinham amplos contatos com os fenícios (basta ver a construção do Templo, usando engenheiros de Hiram, de Tiro, a principal cidade fenícia), tal como com os persas.

No mundo da Ásia Menor, a principal língua era o aramaico, que era a língua falada por Cristo e pelos Apóstolos e por quase todos os hebreus daquele tempo. O aramaico é uma língua irmã do hebraico e do fenício, sendo as três bem próximas e com alfabetos praticamente iguais (o mesmo ocorre com o acádio e com o árabe).

O alfabeto grego vem do alfabeto fenício, graças a Cadmo, de origem fenícia, que deu aos gregos o alfabeto, o que, só por isso, atesta a influência fenícia, aramaica e hebraica na filosofia grega. Segundo a Bíblia, em “Gênesis” ( 10,22), Aram e os Hebreus tinham antepassados comuns, pois os Patriarcas hebreus eram de origem aramaica.

Abraão era um “arameu” e também os antepassados de Abraão, como Serug, Nahor, Terah e outros, da “Aram-Naharaim” (“Aram dos dois rios”, no noroeste da Mesopotâmia).

Os arameus ou povo de Aram eram também semitas (os assírios eram semitas etc). Assim, a língua aramaica, também co-irmã da língua fenícia, difundiu-se por toda a Ásia Menor, de formação semita. O estoicismo desenvolveu-se em ambiente semita, com intensa influência hebraica.

Os arameus semitas foram, mais tarde, chamados de “caldeus” e influenciaram a Grécia e toda a região da Ásia Menor (tal como a Itália, a Sicília e outras áreas sob influência fenícia, inclusive via Cartago, colônia fenícia). Esta influência, tal como a influência egípcia, foi constatada por Heródoto e outros historiadores.

O termo “caldeus” foi aplicado à civilização aramaica-suméria, de forma imprópria, gerando dupla acepção na palavra caldeu (o termo é posterior), mas significa sempre “povos semitas”. A expressão “língua dos caldeus” é imprópria, pois o correto é chamar de “aramaico”, língua co-irmã do hebraico e do fenício.

O aramaico é uma língua ainda falada em cidades da Síria, Iraque, Turquia, Pérsia e até Rússia, tal como em Israel. O aramaico é a língua mais próxima do hebraico e era a língua internacional da região, sendo a língua oficial dos assírios e dos persas, com inscrições no Egito, na Índia e em toda a Ásia Menor.

Os hebreus, desde Ciro ou antes, falavam praticamente apenas o aramaico e isso só foi mudar com a criação do Estado de Israel, em 1948, quando o hebraico foi ressuscitado. O aramaico é a língua do Talmud, do Zohar, da liturgia hebraica e dos poetas hebreus. Como ficou claro no filme “Paixão”, de Mel Gibson, o próprio Jesus falava em aramaico. Num parêntese, o Vaticano apreciou parte do filme de Gibson, tal como, antes, difundiu o filme “As sandálias do pescador”, com Anthony Quinn.

O aramaico espalhou-se inclusive entre os uigures e, daí, para a China. 

Nas áreas da Ásia Menor, ligadas à Pérsia, nasceu boa parte da filosofia “grega”, especialmente na parte que diz respeito à ética. Estas cidades da Ásia Menor tinham colônias fenícias e judaicas e foram amplamente visitadas por São Paulo.

Foram as cidades-suportes, por onde o cristianismo difundiu-se, desde o Pentecostes, especialmente através dos judeus “libertos”. Estes tinham cultura hebraica e grega, dando continuidade à síntese do judaísmo com o melhor da Paidéia, síntese humana, a parte humana do cristianismo, que já ocorria antes, como foi constatado por Filon e Flávio Josefo.