Myrdal, Olof Palme, Irigoyen, Eva Peron e Dom Hélder – opção por um socialismo democrático, economia mista, Estado social

Na Itália, é importante lembrar de Giuseppe Saragat (1898-1971), autor do livro “Socialismo e liberdade” (1944), que lutou, a vida toda, pela formação de uma Frente Popular na Itália. Saragat era próximo dos trabalhistas ingleses. No final da vida, Saragat escreveu o livro “Quarenta anos de luta pela democracia”.

Nesta linha, vale a pena recordar de Hipólito Irigoyen e Eva Perón, na Argentina. Há também Carlo Rosselli (1899-1937), socialista italiano anti-fascista, que dirigiu o jornal “Justiça e liberdade” e morreu assassinado.

Olof Palme (1927-1986) apoiou a luta dos sandinistas, da teologia da libertação, tal como apoiou a Índia, a Tanzãnia, Jamaica, Cuba, Costa Rica e outros países. Um tanto mais moderado que Olof, é importante destacar também Willy Brandt, pseudônimo de Herbert Ernst Karl Frahm (1913-1992).

Willy Brandt liderou o Partido Social Democrático da Alemanha Ocidental, deixando claro a harmonia entre o socialismo democrático com a religião, pois seu governo manteve amplas políticas de Adenauer, formando uma coligação informal com o Partido democrata cristão alemão.

Myrdal seguia a tradição democrática e humanista dos primeiros socialistas. A maior parte dos primeiros socialistas adotava uma fundamentação religiosa, como demonstrou o padre Fernando Bastos de Ávila, no livro sobre as origens do socialismo pré-marxista.

Em meu livro sobre a origem do pensamento socialista, demonstrei, com textos, as raízes religiosas do socialismo, ou seja, que as melhores ideias do socialismo nascem da ética cristã-judaica. Vale à pena ler o livro “Aspectos políticos da teoria econômica” (São Paulo, Nova Cultural, 1986, p. 9), onde Mirdal escreveu: “todas as minhas raízes, porém, encontram-se na filosofia do iluminismo, e os autores socialistas franceses e ingleses mais antigos [quase todos com ideias religiosas] haviam exercido uma influência bem mais vigorosa sobre mim. Diferentes de Marx, os socialistas utópicos eram planejadores” (grifo no original).

Há as mesmas idéias nas obras de Hobson, que queria uma socialismo democrático com amplo respeito às liberdades etc.

Conclusão: como ensinava Dom Hélder, o aumento da intervenção estatal na economia, do planejamento, pode gerar uma “tecnocracia” (uma verdade que Trotski, em sua boa crítica ao estalinismo, apontou com precisão) que só pode ser controlada pelo aumento da participação das pessoas (e destas em associações) no Estado, pelo reforço da democracia, num modelo de democracia participativa, economia mista, Estado social.