O provérbio popular “vox populi, vox Dei” é um desdobramento da principal máxima (regra, princípio) da teologia moral e mística: “a voz da consciência é a voz de Deus”.
Este ponto está claro nos textos de Santo Tomás de Aquino, de São Boaventura, São João da Cruz, Santo Tomás Morus, Francisco Suárez, John Dryden (1631-1700), o frade Jerônimo Feijoo (1676-1764), Alexander Pope (1688-1744), Mably, Santo Afonso de Ligório, o padre Nicolau Spedalieri (1740-1795), o bispo Gregório, Lamennais, Lacordaire, Buchez, Ozanam, Dupanloup, Ketteler, Péguy, Maritain, Sturzo, Chesterton, Hilaire Belloc, Mauriac e milhares de outros escritores, estando na prática da vida de centenas de milhões de cristãos.
Um bom exemplo da difusão do provérbio é a Pastoral do Arcebispo de Paris, Christophe Beaumont, de 20.08.1762, onde este ensina: “o Deus da razão” (da religião natural) “é também o Deus da revelação. A razão e a revelação são as duas vozes pelas quais” “aprouve” a Deus “fazer-se entender pelos homens”.
Jean Jacques Rosseau, numa carta a Beaumont, reconhece que a corrente de Rousseau e os católicos ligados ao Arcebispo tinham o mesmo inimigo, os jansenistas (hoje, seriam os “integristas”, quietistas), que desprezavam a razão, a ciência, a natureza, a política etc.
A natureza humana é racional, dialógica, pessoal, familiar, comunitária e social.
A natureza humana pessoal e social, imagem da Trindade, o que explica o apreço à economia mista e o conceito complexo de bem comum (o bem é a perfeição, a realização da natureza, do ser, da essência), que abarca o bem de cada pessoa, de cada família e de toda a sociedade.
Da mesma forma, explica o fato da expressão “bem comum” abarcar os bens espirituais, morais, materiais, econômicos, jurídicos, políticos, culturais etc. Toda a sociedade deve ser dirigida, autogerida, em prol do bem comum, o bem de todos.