Doutrina da Igreja sempre rejeitou o Estado Leviatã, ditaduras, tiranias, opressão estatal

Pio XII, em 20.02.1946, destacou que a missão do Estado é de ser o “defensor do direito” – tal como o promotor dos direitos humanos naturais etc –, e não “transformar-se naquele Leviatã do Antigo Testamento, que tudo domina…”.

Num parêntese, os Santos Padres interpretaram o Leviatã como o poder público, pautado pela Serpente, pelo Maligno, pelo Diabo.

O correto é o poder público pautado pelo povo, pelo Espírito Santo, residindo no povo, Aliado do Povo, Advogado do Povo, Coração do Povo. Estado deve estar a serviço do povo, controlado pelo povo. 

Há uma lenda judaica que diz que o Leviatã será morto pelos santos, um pouco antes do Apocalipse e sua carne será usada como alimento.

Em 14.09.1952, Pio XII também ressaltou que “o indivíduo e a família” devem ser protegidos porque o Estado não pode assumir “a imagem terrificante do Leviatã” (cf. discurso em Viena).

Estes textos mostram a persistência da crítica católica aos erros de homens como Hobbes e Maquiavel.

Doutrina social da Igreja ama Estado amplo e extenso, mas precisa ser um Estado servo do povo, um Estado sob o controle do povo organizado, um Estado que serve ao povo. Um Estado popular, social, Democracia popular. 

Em outra ocasião, Pio XII disse que “o respeito devido à pessoa” exige que as estruturas estatais sirvam à sociedade e, para tal, devem assegurar [para o povo] “postos na sua organização, na atividade legislativa ou executiva” (e na Justiça, especialmente pelo instituto medieval do júri).

Postos, posições, cargos etc são, no fundo, “poderes” (atribuições), fragmentos de poderes, que devem ser dispersos entre toda a população, para que todos tenham um múnus (uma função pública, parte da responsabilidade) visando ao bem comum.

O ideal seria que todos tivessem cargos públicos, rendas estatais, obrigações, deveres, responsabilidades e amplos direitos correlatos.

Como disse Huey, verbalizando a Tradição cristã, do Evangelho, todas as pessoas devem ser “reis”, terem rendas estatais, deveres e direitos, esferas públicas de proteção, economia mista.