Igreja defende criação de um Estado Mundial Federativo ou Confederativo, Democrático, Popular

Pio XII, numa alocução aos dirigentes do “Movimento Universal por uma Confederação Mundial” (em 1951), destacou a importância da criação de uma Confederação mundial: “vosso Movimento, Senhores, se empenha em realizar uma organização política eficaz do mundo. Nada mais conforme com a doutrina tradicional da Igreja”, “é preciso, pois, chegar a uma organização desta natureza, quando mais não fosse para acabar com uma corrida armamentista na qual, há dezenas de anos, os povos se arruínam e se esgotam em pura perda”.

O papa completou: “Sois de opinião que, para ser eficaz, a organização política mundial deve ter forma federativa. Se por isto entendeis que ela deve libertar-se da engrenagem de um unitarismo mecânico, ainda neste ponto estais de acordo com os princípios da vida social e política firmemente estabelecidos e sustentados pela Igreja. De fato, nenhuma organização do mundo será viável se não se harmonizar com o conjunto de relações naturais, com a ordem normal e orgânica que rege as relações particulares dos homens e dos diversos povos. Sem isto, seja qual for sua estrutura, ser-lhe-á impossível manter-se de pé e durar”.

Na alocução mencionada, Pio XII destacou a importância da democracia: “Se, pois, no espírito de federalismo, a futura organização política mundial não pode, sob pretexto algum, deixar-se arrastar no jogo de um mecanismo unitário, ela não gozará de uma autoridade efetiva a não ser na medida em que salvaguarde e favoreça em toda a parte a vida própria de uma sadia comunidade humana, de uma sociedade cujos membros concorrem todos juntos para o bem da humanidade inteira”.

A sociedade e as pessoas têm vida própria, que o Estado (todas as formas de Estado) devem respeitar, proteger, promover.

Esta doutrina é democrática, e não capitalista. Pio XII deixou claro, como antes Leão XIII e Pio XI, a relação intrínseca entre democracia real (governo participativo, representativo, em prol do bem comum) e catolicismo.