Os mercantilistas eram intervencionistas, economia mista. Lição de Schumpeter

Joseph A. Schumpeter, um dos maiores economistas da história, no livro “História da análise econômica” (São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais e Ed. Fundo de Cultura, 1964), no volume II, p. 466, elogia os mercantilistas (também chamados de cameralistas, nome mais correto). 

Diz que, nos “25 anos” “que precederam” o livro “A riqueza das nações”, de Adam Smith, ou seja, de 1750 a 1776, “a maioria dos economistas” chegou a “um acordo substancial”, uma “communis opinio”, defendendo a intervenção estatal (“regulamentação”) na economia, para que esta possa gerar prosperidade. Schumpeter destaca, como autores representativos deste consenso, economistas como “Beccaria, Genovesi, Verri e Palmieri, na Itália; “Josiah Tucker e Sir James Steuart, na Inglaterra; Justi e Sonnenfels, na Alemanha”; e “Forbonnais, na França”.

Schumpeter podia ter citado, na mesma linha, o Abade Galiani, Necker (elogiando Colbert), Mably, Diderot e mesmo Rousseau. 

Schumpeter também lembra que os grandes mercantilistas não eram tão rígidos. Defendiam mesmo tarifas de importação de “15% ad valorem”, e alguns até “10%”. No final, no mundo todo, hoje, em geral, são estas as tarifas de importação, ou algo mais. Os mercantilistas queriam, no final das contas, ampla intervenção estatal para regrar a economia, para amparar indústrias chaves, setores essenciais, para assegurar soberania nacional etc. 

A grande tradição da economia política é pro economia mista, ponto que fica claro em São Tomás Morus, Antônio Serra, Campanella, Colbert e outros. O velho Carey, nos EUA, aprovaria o apreço de Schumpeter. Idem para List.

Keynes teceu amplo elogio aos mercantilistas, pois também era intervencionista, economia mista.