O esboço de um “Estado de justiça social”, do padre José Luís Aranguren (1909-1996), tem o mesmo conteúdo do ideal de um grande Estado do Bem-Estar social (há as mesmas idéias no livro de Aranguren, “Ética e política”, Madrid, 1963). Em Cuba, este era o ideal cristão de Chibás, do Partido Ortodoxo, que era o partido original de Fidel Castro.
O Partido Ortodoxo era ligado a Igreja, ao ideal de uma democracia popular, sendo a base inicial dos textos de Fidel Castro, contra o liberalismo.
Em Portugal e na Espanha, houve o Partido Democrático Popular. Na Itália, o Partido Popular, de Sturzo, elogiado por Gramsci. No fundo, o ideal de um grande Estado social popular, pautado por economia mista. O modelo da Igreja. O modelo natural.
O modelo hindu indiano do Partido do Congresso , trabalhista. O ideal do Trabalhismo no Reino Unido, no Norte da Europa (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, Islândia), da Austrália, da Nova Zelândia.
O Estado ampliado do bem-estar é o Estado segundo o ideal cristão, segundo a razão, segundo a natureza humana.
É o Estado preconizado pela doutrina social da Igreja e pelos textos dos teólogos da libertação. Coincidindo, em muitos pontos, com este ideal, há toda a corrente do socialismo democrático, do nacionalismo de esquerda anti-imperialista, do trabalhismo, de Battle, de Cardénas, de Peron, de Nasser, de Sukarno, da Guatemala com Jakob Arenas, do Irã, de Mandela do distributismo etc.
Há a mesma concepção nos trabalhistas israelenses judeus, que, para mim, são os que melhor expressam o melhor da ética judaica. A direita israelense não dignifica Israel. A esquerda trabalhista é que dignifica Israel, pois expressa o melhor da ética judaica.
Na mesma linha, há, com diversos matizes, toda uma constelação de textos reformistas e anti-capitalistas. Por exemplo, para citar de memória, lembro os textos de homens como William Beveridge, Oskar Lange (antigo professor na Universidade de Chicago), os melhores textos de Keynes (a corrente do keynesianismo de esquerda, destaque para Joan Robinson e Laski), os melhores textos de John Kenneth Galbraith, Gunnar Myrdal, Perón, Nasser, Tito, Harold Laski, Sidney Webb, Beatrice Webb, Gandhi e Nehru, do Partido do Congresso, os textos da CEPAL sob Raul Prebisch, o nacionalismo da África do Sul (Mandela) e de centenas de outros movimentos políticos e sociais, que procuram dividir os bens e a renda, atendendo às necessidades do povo, o bem comum, o bem de cada pessoa e de todos, o bem do povo.