Solução de economia mista, como surgiu

No fundo, sempre existiu. Reflete a natureza social e pessoal da pessoa humana, à imagem da Trindade. Então, a economia deve ser o máximo possível personalizada com o máximo possível de socialização, em boa síntese. No fundo, é o modelo de economia baseado no bem comum, que é uma síntese do bem pessoal, familiar e social. 

A economia sempre foi baseada no bem comum. Há estatais (bens comuns) até nas menores aldeias, como as terras de caça, os rios, ferramentas importantes, obras públicas gerais, serviços como segurança, saúde, educação etc. O Banco do Brasil é de 1808, bem antes de Marx. A CEF é da metade do século XIX.

No Brasil, boa parte das ferrovias já foi estatal, tal como a navegação comercial de alto mar (Loyd) e a costeira (a Costeira). Idem para telégrafos, correio, escolas públicas, hospitais públicos etc. Tudo isso é profundamente tradicional, e não coisas marxistas. 

O capitalismo, no início do século XIX, atrapalhou isso. No entanto, aos poucos, as estatais e a presença do Estado foi retornando. Basta pensar na construção de obras como o canal do Panamá ou do Suez, por recursos estatais, sendo obras, canais, públicos, estatais. O mesmo para ferrovias. O mesmo para a Previdência social, seguros sociais. Depois, a legislação trabalhista etc.

A apologia da economia mista foi apontada por grandes economistas como List, Sismondi, Buchez, Blanc, Stuart Mill e outros. E foi adotada, como modelo de transição para o socialismo, tanto por Karl Kautsky, quanto por Bernstein, Jaures, os trabalhistas etc. Virou a corrente possibilista, oportunista etc.

Depois, foi defendida mesmo por Lenin, no NEP, que era economia mista. O NEP tinha estatais, e tinha camponeses e pequenas e médias empresas familiares. Bukharin e outros defenderam a continuidade do NEP. O mesmo fez Tito. Nasser, toda a corrente terceiro-mundista, Mandela, o nacionalismo, o trabalhismo etc. E foi a mesma fórmula da doutrina social da Igreja.

Barbosa Lima Sobrinho mostrou que a base do desenvolvimento japonês foi a economia mista, estatais, ampla intervenção estatal. O modelo japonês, tal como o modelo dos países do Norte da Europa, da Irlanda, do Canadá, da Austrália, da Noruega, da Suécia, do Irã, tudo isso tem como núcleo a ideia de economia mista. O mesmo na Índia, com os Gandhi. 

Naomi Klein, no livro “Economia do desastre”, defende economia mista. O mesmo para os grandes economistas dos EUA, como Stiglitz, Galbraith, o próprio Samuelson.

O mesmo vale para Keynes e Laski, na Inglaterra. E para o New Deal de Roosevelt, tendo, no Brasil, o getulismo (trabalhismo e nacionalismo) de Getúlio. É a mesma ideia do modelo de Peron, o modelo de Cardenas no México, o melhor da experiência do Chile, do Uruguai etc.