Dois elogios de Krupskaia, esposa de Lenin, a Igreja Católica

Nadiejda Konstantinovna Krupskaia (1869-1939) fez, pelo menos, dois bons elogios a Igreja Católica. Os textos constam no livro “A revolução das mulheres”, coletânea de textos organizada por Graziela Schneider, Editora Boitempo, 2017, pp. 99 e 105. 

Num artigo com o título “A trabalhadora e a religião” (publicado em 1922, na revista “A Comunista”), Krupskaia escreveu: “eu estudei em uma escola noturna cristã”. Depois, diz: “A Igreja Católica considera, de maneira excelente, a influência das formas da ação divina sobre o sentimento: todos os paroquianos cantam; a igreja é decorada com flores e estátuas; há uma penumbra misteriosa, entre outras coisas: tudo isso age sobre os sentidos”. Mais adiante, acrescenta: “a ação divina da Igreja satisfaz a necessidade de uma vida em comum, oferece uma série de experiências coletivas”. Diz também: “a pessoa procura apoio, esperança, e, como não encontra, acaba voltando-se para Deus: quanto maior a dificuldade, mais fervorosa é a oração”.

Em outro artigo, “A religião e a mulher” (publicado em 1927, cinco anos depois), Krupskaia volta a elogiar a Igreja Católica. Diz: “a arte tem um papel especial. Disso, mais uma vez observo, a Igreja Católica, por exemplo, sabe perfeitamente: belos cânticos, estátuas, flores, encenações, tudo isso encanta os católicos e, em particular, as católicas. No que se refere à influência sobre a massa, com auxílio da arte, os padres são grandes mestres. A arte religiosa é uma arte de massas”. Diz ainda: “não é preciso pagar para entrar na Igreja Católica. A nossa Igreja [a Ortodoxa] copiou muito do catolicismo. As igrejas são enfeitadas com ícones, os cânticos atraem de maneira especial”. Krupskaia tinha 58 anos, quando escreveu este texto. Na juventude, foi discípula cristã de Tolstoi. 

Também escreve, neste artigo de 1927, que as igrejas católicas são exemplos para os comunistas, pois “é preciso aprender a associar com inteligência trabalho prático e propaganda das próprias ideias”, já que os católicos, “ao organizarem círculos agrícolas, as freiras e os padres associaram o trabalho à propaganda religiosa e à agitação. É preciso que nós também associemos nosso trabalho prático (círculos agrícolas, cooperativas, círculos técnicos etc) à nossa visão de mundo”. “Será que sabemos fazer isso? Muito mal. Precisamos estudar esse assunto com afinco”. Diz também: “escrevi sobre um círculo agronômico, chefiado por um pequeno produtor que foi organizado por um padre”.

Bom depoimento prático da esposa de Lenin, praticamente elogiando a Igreja Católica, a organização das paróquias católicas.