A ideia do bem comum é o núcleo da ética natural e cristã

Nicola Abbagnano, no livro “Dicionário de filosofia” (São Paulo, Ed. Martins Fontes, 2007), explica a importância do “bem comum” na concepção política, econômica, pedagógica, social e cultural da Igreja:

Bem comum (lat. “bonum commune”; in. “Common good”; fr. “bien commun”; al. “gemeingut”; it. “bene comune”). Conceito próprio do pensamento político católico, base da doutrina social da Igreja. Do ponto de vista filosófico, os seus maiores teóricos Santo Tomás de Aquino e Maritain. Desenvolvendo o pensamento de Aristóteles (no qual não está presente o bem comum, que é de origem medieval), Tomás de Aquino identifica-o com a suficiência de bens materiais e com uma vida feliz e virtuosa, compartilhada por todos”.

Santo Tomás, como explica Abbagnano, considera “o bem comum” como “o objetivo essencial das leis” (“omnis Lex ad bonum commune ordinatur”, “Suma Teológica”, I-II, q. 90, a. 2). No mesmo sentido, Abbagnano completa: “Maritain” “utiliza esse conceito” identificando-o com “o bem estar humano” e com o “respeito [concretização] aos direitos fundamentais [direitos humanos naturais] das pessoas”. Estes pontos foram bem expostos por Maritain em obras como “A pessoa e o bem comum” (1947) e “O homem e o Estado” (1951).

Conclusão – Deus fez os bens para todos. Para que todos tenham parte nos bens, acesso aos bens, controle, fruição, para assegurar a todos uma vida digna, plena e feliz. Este é o objetivo de toda a ética católica e natural. Este é o princípio da destinação natural dos bens, da comunhão dos bens, que não significa eliminar a pequena e média propriedade pessoal, e sim em difundir para todos, tal como assegurar uma extensa propriedade pública, para todos. Economia mista, combinando bem pessoal, familiar e social.