A Regra de ouro da ética natural e cristã, uma ética em prol da democracia popular

O melhor conceito de caridade é simples: significa agir de forma racional e supra-racional em prol do bem comum, indo além do que pede a razão, sem nunca incidir em condutas irracionais. Isto foi bem explicado na “Divini Redemptoris”, de Pio XI, que ressaltou que “a caridade” “que prive”alguém (“o operário”, no exemplo do Papa) do “faz jus por direito” “não é caridade, mas nome vão e ôca aparência de caridade”. Justiça são as regras (ideias práticas) para proteção, conservação e ampliação do bem comum. A caridade pressupõe a justiça, indo além, não sendo nunca anti racional ou anti justiça. 

Os “dez mandamentos” são as dez grandes regras que, detalhadas, abarcam dezenas de outras regras, de virtudes.

Como Pio XI lembrou, na encíclica acima referida, Cristo ensinou que todas as regras (virtudes, regras de fazer o bem, “preceitos”, “mitsvot”, em hebraico) podem ser resumidas no preceito “amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Rm 13,8-9; Mt 22,36-41). Este preceito também foi ensinado, por Jesus, como sendo o resumo dos Dez mandamentos, a “regra de ouro”: “Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a a Lei e os Profetas” (Mt 7,12).

A “regra de ouro” (pedra fundamental), de forma negativa, era também ensinada pelo rabino Hilel, o Velho.

Faz parte dos textos maravilhosos dos dois Talmud (especialmente o “Talmud” da Babilônia), textos que Leão X permitiu a impressão, porque, apesar de alguns textos anti-cristãos, contém muito da “Lei oral”, da Tradição hebraica, que é também a Tradição cristã. Especialmente, o Pirke Aboth, um grande livro de ética, que os judeus leem várias vezes ao ano, dentro da liturgia anual. Texto belíssimo mesmo. 

Implícito nesta regra está o maior elogio já feito à razão, tal como à igualdade, à liberdade e à reciprocidade.

Esta regra é a quintessência da ética cristã e também do judaísmo, é o “princípio fundamental” do judaísmo, a essência do judaísmo. As palavras exatas de Hilel foram: “o que odeias para ti, não faças a teu próximo, esta é toda a Torah, o resto é comentário, vai e estuda”. A alma desta regra-pilar é: aja para com teu próximo como sua razão natural ensina que você mesmo gostaria de ser tratado. Use a razão.

É a mesma regra de Cristo quando disse: “sede sagazes como a serpente, mas bons como as pombas”, ou seja, use a inteligência para fazer o bem, pois este é o caminho (a escada) do Céu, o caminho da vida, da verdade, da razão, do bom senso, dos bons sentimentos, o modo de justificar-se, de santificar-se, de ser justo (honesto, de honra, de concórdia etc).