A Igreja difundiu-se numa aliança boa com os estoicos

Os anos de 98 até cerca de 200 e poucos foram felizes, um tempo de paz, por conta da influência da Igreja católica em aliança com os estoicos. Cômodo dividiu o império com Marco Aurélio, que também foi relativamente tolerante. Estes anos foram elogiados por Montesquieu, Renan e por Edward Gibbon, como os melhores de Roma. Foram os anos dos grandes juristas estóicos e cristãos.

Como escreveu Montesquieu, no livro “Grandeza e decadência dos Romanos” (São Paulo, Ed. Saraiva, 1968, p. 112 e 115), “a seita dos estóicos se entendia e ganhava crédito no Império”, uma “seita admirável”, que inspirava os “melhores imperadores”. Esta foi uma das “vias secretas, escolhidas por Deus” “para o estabelecimento da religião cristã”. O cristianismo e o estoicismo cresciam de forma paralela. Montesquieu, na página 117 da obra referida acima, destaca que o “império romano” “era uma espécie de república irregular”.

A política de Cômodo foi mantida por Caracala (186-217 d.C.), que, antes de Constantino, foi influenciado pelo cristianismo e, em seu tempo, praticamente não houve perseguição. O governo do Imperador Caracala, lá por 217 d.C,, foi tolerante, pois este teve um professor cristão e também uma ama de leite cristã (cf. Tertuliano). Cômodo e Caracala tinham grandes vícios, mas também houve coisas positivas, como a extensão da cidadania romana a todos os súditos do território romano.

Caracala ampliou a equidade e o poder da jurisprudência, que mitiga os males das leis injustas. Caracala concedeu a cidadania romana a todos os súditos do Império, ampliando a cidadania, uma medida justa e humanizadora. Estas medidas tiveram o apoio dos cidadãos católicos, que apoiavam tudo o que de bom fazia o Estado, sem apoiarem as formas de iniquidade. Mais tarde, Alexandre Severo, que governou de 222 a 235, foi também tolerante, dando continuidade à política de Heliogábalo (218-222), que já elogiava a “christiana devotio”. O livro de Sordi, “Il cristianesimo e Roma” (Bologna, 1965) traz boas informações sobre a política dos imperadores em relação ao cristianismo.