A ética progride no tempo e só a experiência permite bons juízos éticos. Os velhos são mais sábios, em regra

Santo Tomás de Aquino, na “Suma Teológica” (1ª, 2ª, q. 93, art. “i”), diz que “a lei eterna [natural] nada mais é do que a razão da Sabedoria Divina [Divinae Sapientiae ratio]… na medida em que dirige todas as ações e movimentos. A participação da lei eterna na criatura racional [humana] é chamada a lei da natureza”. Este ponto foi bem explicitado no livro do padre Rommen, “A lei natural”. A “lei natural” é a parte da razão comum às pessoas e a Deus, sendo formada pelas idéias verdadeiras obtidas naturalmente pela consciência. Como Montesquieu explicou: o próprio “Deus age segundo estas regras [as leis da natureza] porque as conhece; ele conhece-as porque as fez”. Mesmo os milagres são causas sobrenaturais, que operam sem revogar as leis naturais e sobre as leis naturais, como explicou o padre Quevedo. Os milagres quase sempre restauram a natureza, são forças pró natureza (devolver a visão, o andar, curar doenças etc). 

As pedras e minérios etc são regidas pelas leis naturais físicas e químicas etc. Os animais são movidos pelos instintos. Os seres humanos têm como farol a luz da razão, as verdades obtidas pela consciência, que são cumulativas no processo histórico. Este acúmulo foi constatado por Pascal. Comte elogiou a comparação de Pascal. Este pensador cristão comparava a humanidade a um ser humano que acumula conhecimentos na história. Da mesma forma, Newton e Einstein deixaram claro que apenas desenvolviam as idéias do cônego e sacerdote Nicolau Copérnico (1473-1543) e de Kepler e ressaltaram o papel de seus precursores. O livro de Copérnico chama-se “Da revolução da órbita celestial” e foi publicado em 1543, contendo a formulação da teoria heliocêntrica, acolhida bem mais tarde por Galileu e Newton.

Rommen acrescentava: “o que pertence à ciência moral é conhecido principalmente através da experiência” (própria ou de outrem), o que atesta a importância do diálogo, dos livros etc. A experiência (e a história) são mestras da vida, são faróis para nos guiar na construção do futuro. As regras (idéias práticas, prescritivas) enunciam o que devemos fazer nesta ou naquela circunstância, o “motivo” moral é o nos motiva, sendo os “valores”, as idéias embebidas em afetos (que apaixonam).

Leão XIII, na “Humanum genus”, ensinou que a ciência moral evolui, pela experiência histórica: “uma longa experiência” é uma “pedra de toque”, um critério fundamental, para verificar se uma conduta é boa ou não. Isso foi ensinado por Cristo quando disse: “uma árvore boa não pode dar maus frutos, e uma árvore má não pode dar bons frutos” (Mt 7,18), os efeitos (conseqüências, frutos, resultados) revelam se as causas (condutas) são boas ou não.

O velho Júlio César também ensinou que “rerum omnium magister usus” (a prática, “os usos”, os costumes, enfim, a experiência, é “a mestra de todas as coisas”). O livro “Sabedoria”, na Bíblia, é um verdadeiro tratado político e traz grandes ensinamentos que explicitam textos mais difíceis da Bíblia.