Marat, deísta, quase sempre católico, em seus textos, embora tenha cometido erros

Jean Paul Marat foi um médico que militou na Revolução Francesa. Marat deixou grandes obras, especialmente seu jornal, com o título “Amigo do Povo”. Era o mesmo nome do livro de Mirabeau pai, o que já indica, por si mesmo, uma de suas fontes principais, cristãs. As outras eram ainda mais religiosas: Mably e Rousseau. O jornal foi publicado de setembro de 1789 a 21.09.1792, com seiscentos e oitenta e cinco números. No início, ele defendia uma monarquia representativa, depois defendeu uma ditadura e, no final, uma república democrática. Marat escreveu o livro “As cadeias da escravidão” (“The chains of slavery”), com muitas idéias boas e fecundas. Por exemplo, vejamos um exemplo dos textos de Marat:

A maior desgraça que pode acontecer a um Estado (…) é não haver nem discussão pública, nem efervescência, nem partidos. Está tudo perdido quando o povo se torna de sangue frio e quando, sem se inquietar com a conservação dos seus direitos, deixa de tomar parte nos assuntos”.

Numa linha próxima, Jacques Hébert (1757-1794) redigiu o jornal “O padre Duchesne”, onde o padre Duchesne, da periferia, criticava os males de seu tempo e repetia que Cristo foi o primeiro “sans-culotte”, por ter defendido a liberdade. A idade da união e da fraternidade que Hébert defendia tinha boa base religiosa. Seus textos melhores são perfeitamente coerentes com o cristianismo, só seus textos mais cínicos não são.

Marat, Mirabeau (tanto o pai quanto o filho), o padre Mably e Rousseau eram deístas, a maioria cristãos, sendo vários católicos. Da mesma forma, tinham religiosidade homens como Robespierre, Saint-Just, Danton, o bispo Gregório, o próprio Babeuf e Buonarotti e outros. Marat e Robespierre chegaram a criticar Voltaire e Helvétius, pela pouca religiosidade destes. A principal fonte de Marat era Rousseau e o Dr. Marat, pois ele era médico, chegou a escrever livros sobre a alma, a imortalidade da mesma etc.

O que se pode criticar validamente em Marat era sua sede de sangue, a forma como recomendava, em seus artigos, que milhares de pessoas fossem guilhotinadas. Foram erros graves e sanguinários, mas há em seus textos a compaixão com os presos, com os pobres etc. A energia de Marat era tremenda e transpira em seus textos. Uma boa seleção de seus artigos e capítulos seria muito útil para os futuros jornalistas, os publicistas e para as pessoas que gostam dos pobres, que são amigos do povo.