O elogio dos católicos sociais, por Emílio Zola

Emílio Zola também destacou o papel dos “Cavaleiros do Trabalho”, o primeiro grande movimento operário nos EUA (cf. Lenin), liderado por um grande católico, chamado Terêncio Powderly. Zola registrou também a luta democrática dos católicos irlandeses, que militavam no movimento feniano, no movimento cartista, tal como a luta dos poloneses. Estes tinham líderes como o carmelita Rafael Kalinowski, condenado a dez anos na Sibéria por ser um dos líderes da insurreição de 1863, elogiada por Marx e outros. Vejamos a descrição destes movimentos na Europa e nos EUA, pela pena de Zola, no livro “Roma”:

Na Alemanha, a teoria clássica do socialismo, monsenhor Ketteler foi um dos primeiros a falar em sobrecarregar os ricos de contribuições [deveres jurídicos, impostos etc], criou mais tarde uma vasta agitação, que todo o clero hoje dirige, mercê de numerosas associações e de abundantes jornais”. [Marx ressaltou que Lassalle seguia as idéias de Buchez, o chefe do “partido católico-socialista”, nos termos do próprio Marx; tal como Robertus seguia Sismondi, um grande precursor cristão de Marx].

Ainda Zola – “Na Suíça, monsenhor Mermillod advogou tão alto a causa dos pobres, que os bispos, agora, quase fazem causa comum com os socialistas democratas que esperam converter sem dúvida no dia da partilha”.

E ainda Zola – “Na Inglaterra, onde o socialismo penetra com tanta lentidão, o cardeal Manning alcançou vitórias consideráveis, tomou a defesa dos operários durante uma famosa greve, determinou um movimento popular, assinalado, por freqüentes conversões. Mas foi principalmente na América, nos Estados Unidos, que o socialismo católico triunfou, naquele meio de plena democracia, que obrigou alguns bispos, como monsenhor Ireland, a colocar-se à frente das reivindicações operárias. Parece estar aí em germe toda uma igreja nova, confusa ainda e transbordante de seiva, agitada por uma esperança imensa, como na aurora do cristianismo, rejuvenescido de amanhã”.

Zola previu a “aurora do cristianismo rejuvenescido de amanhã”. Destacou a tradição democrática do cristianismo (catolicismo) antigo, também descrita por Marx, Engels, Rosa de Luxemburgo, Trotski, Lênin e mesmo por Bakunin.