Em defesa de uma democracia social e popular, com boas estatais e cooperativas substituindo as grandes corporações privadas, há também os textos de Noam Chomki, Nicholas Kaldor (1908-1986), Michael Kalecki (1899-1970), Leontieff e Joan Robinson (1903-1983, autora da obra “Liberdade e necessidade”, sobre a importância da ética na economia).
Há também Maria da Conceição Tavares, Josué Castro, Collin Clark, Hans Singer, Ragnar Nurkse, Keynes (em alguns textos), Karl Mannheim (“Liberdade, poder e planificação democrática”, São Paulo, Mestre Jou, 1972), François Peroux e os de Galbraith.
Kalecki, no livro “Teoria da dinâmica econômica” (São Paulo, Ed. Nova Cultural, 1977, p. 187), mostrou como os monopólios privados (trustes e cartéis) destroem a economia, impedindo a “elevação da produção a longo prazo”. Sua crítica aos monopólios atinge a oligarquia, a “democracia liberal”, oligárquica, que não passa da ditadura do capital.
No mesmo sentido, vale à pena a leitura dos textos dos cepalinos (prebisch), dos estruturalistas (destaque para Celso Furtado) e dos institucionalistas (destaque para Thorston Veblen, 1857-1929).
Também merecem destaque os livros do sueco Gunnar Myrdal (“Aspectos políticos da teoria econômica” e “Teoria econômica e regiões subdesenvolvidas”) e de Niklas Luhmann (1927-1998, especialmente “Teoría política en el Estado de Bienestar”, Madrid, Ed. Alianza Editorial, 2007). Esta era também a linha dos grandes nacionalistas, como Nasser, Nehru, Perón, Velasco Alvarado, Getúlio Vargas e outros. Também era a linha dos trabalhistas, sendo a minha linha também, tal como a de João Goulart.
Estes autores e movimentos tinham como objetivo nobre a construção de um Estado do bem-estar social, uma democracia social avançada, como fica claro no exemplo da Suécia, de Olof Palme, da Austrália ou do Canadá.
Esta também era e ainda é a linha dos trabalhistas na Austrália, na Nova Zelândia, na Noruega, na Suécia, na Finlândia, na Irlanda, na Inglaterra (ainda que aguada) e do antigo PTB, fundado por Getúlio Vargas. Milhões de católicos, nestes países, votam no trabalhismo por estas razões. Na Argentina, o peronismo é, no fundo, uma forma de trabalhismo.
Na Itália, é importante lembrar de Giuseppe Saragat (1898-1971), autor do livro “Socialismo e liberdade” (1944), que lutou, a vida toda, pela formação de uma Frente Popular na Itália. Saragat era próximo dos trabalhistas ingleses. No final da vida, Saragat escreveu o livro “Quarenta anos de luta pela democracia”.
Nesta linha, vale a pena recordar de Hipólito Irigoyen e Eva Perón, na Argentina. Há também Carlo Rosselli (1899-1937), socialista italiano anti-fascista, que dirigiu o jornal “Justiça e liberdade” e morreu assassinado.
Olof Palme (1927-1986) apoiou a luta dos sandinistas, da teologia da libertação, tal como apoiou a Índia, a Tanzãnia, Jamaica, Cuba, Costa Rica e outros países. Um tanto mais moderado que Olof, é importante destacar também Willy Brandt, pseudônimo de Herbert Ernst Karl Frahm (1913-1992). Brandt liderou o Partido Social Democrático da Alemanha Ocidental, deixando claro a harmonia entre o socialismo democrático com a religião, pois seu governo manteve amplas políticas de Adenauer, formando uma coligação informal com o Partido democrata cristão alemão.
Myrdal seguia a tradição democrática e humanista dos primeiros socialistas. A maior parte dos primeiros socialistas adotava uma fundamentação religiosa, como demonstrou o padre Fernando Bastos de Ávila, no livro sobre as origens do socialismo pré-marxista.