Cabe ao povo reger a economia e o Estado

Pio XII, no discurso no VII Congresso da UCID, em 07.03.1957, ressaltou que a doutrina da Igreja atribui “a todo o povo a tarefa própria” de “ordenar a economia”, tendo “o Estado seu papel próprio na ordenação da vida social”, papel que é completado pela participação de todas as pessoas. Pio XII também redigiu duas grandes encíclicas: “Mystici Corporis” e “Divino Aflante Spiritu”, com bons ensinamentos, especialmente alguns textos da “Mystici”, onde fica claro que o Corpo Místico de Cristo é formado de membros vivos e participantes, numa Democracia divina.

Um ponto bem destacado por Pio XII é que as leis, as instituições e os costumes emanam da sociedade, das luzes naturais da razão. Por isso, em 21.04.1957, Pio XII, na “Fidei donum”, sobre as missões católicas na África, ensinou que “a Igreja”, “em todo o curso de sua história, protegeu o nascimento e desenvolvimento de tantas nações” e “não pode deixar de olhar com a máxima atenção por aqueles povos que vê alcançarem a liberdade política”, na África.

Pio XII exortou “as nações” à “justa liberdade política, que com o tempo vai aumentando”, apoiando o movimento de descolonização, após a Segunda Guerra. Na mesma linha, Francisco Pi y Margall, apesar de seu anticlericalismo, ensinou, no livro “As nacionalidades”, que “os povos devem ser senhores de si próprios”. Nesta obra, Pi y Margall elogia a melhor tradição jurídica romana e também dos godos, tradição já em simbiose com o cristianismo e o pensamento helênico e hebraico.

Entre os godos, ostrogodos, saxões, gauleses, francos, germanos e outros povos já existiam bons costumes (como reconheceu Tácito) e o papel do cristianismo foi reconhecer esta boa base natural e depurá-la, aperfeiçoá-la, como fez com os gregos, os egípcios, romanos e outros povos.

Com base nesta concepção jusnaturalista, Pio XI, na “Mit brennender sorge”, em 14 de março de 1937, condenou o nazismo, destacando o fato do Estado nazista ter “hostilidade fundamental a Cristo e Sua Igreja”. Neste documento, Pio XI criticou o nazismo por conta da deificação da raça, da autoridade (autoritarismo, totalitarismo mesmo) e principalmente do Estado.

Contra o nazismo, destacaram-se grandes católicos, como o beato Clemens August von Galen (1878-1946, elevado ao cardinalato por Pio XII, em 1946), São Maximiliano Kolbe e outros milhões de católicos (inclusive Claus Stauffenberg , na “operação Valquíria”, que arquitetou um atentado contra Hitler e a cúpula do Partido Nazista).