Grandes lições de Bento XV e de João XXIII – Estado mundial, Uniões Continentais, Estado social ampliado

O próprio João XXIII, na “Mater”, definiu a expressão “bem comum” como o conjunto das condições sociais e econômicas que assegurem vida plena para todos. Em outros termos, que assegure a realização das potencialidades da personalidade de cada pessoa.

O direito positivo legítimo – tal como todas as estruturas e instituições públicas e particulares – é produto do trabalho da luz natural da razão (“lumen naturale”, prospectiva, planejadora), presente em todas as pessoas, interligadas pela comunicação, pelo diálogo. Assim como cada pessoa deve guiar-se a si mesmo na travessia da vida no mar da história (vide “Homo viator”, de Gabriel Marcel), da mesma forma cada pessoa é co-responsável eticamente (ou seja, deve participar da gestação, da feitura das leis, das decisões, do trabalho comum etc) pelas leis, instituições positivas e mesmo situações jurídicas constituídas de sua cidade, de seu Estado-membro, região, país, continente (União Européia, Alba, União Africana e uma futura união asiática e índica), tal como por um Estado mundial (cuja raiz é a ONU, como defendido por vários pensadores católicos, inclusive João XXIII, na “Mater et magistra”).

No mesmo sentido, Bento XV, na “Carta ao Cardeal Pompilj”(em 04.03.1916), ensinava que a “única via para resolver o monstruoso conflito” (a 1ª. Guerra Mundial, mas a regra vale para todo conflito)”segundo as normas da justiça… é… expor com clareza [claridade]… os desejos de cada parte e ter em conta, na medida do justo e do possível, as aspirações dos povos”. Só haveria paz, segundo Bento XV, “aceitando, o quanto seja necessário, em favor da equidade e do bem comum do grande consórcio das nações, os obrigatórios e necessários sacrifícios do amor próprio e dos interesses particulares”. O primado do “bem comum” de todas as nações é o primado do direito internacional público e da sociedade sobre os interesses anti-sociais. Bento XV também teve o mérito de extinguir o “Sodalitium Pianum” (“La Sapinière”), em 1921.

A unificação política da América Latina é defendida por Alceu desde 1932, quando pugnou pela união “supranacional e supracontinental”, como frutos do “verdadeiro humanismo”, lutando pela institucionalização (reconhecimento) da “personalidade latino-americana”, ponto, mais tarde, defendido por Chávez e outros líderes da América Latina, especialmente Peron.