O ideal cristão de erradicação da miséria e das grandes fortunas privadas

Santo Agostinho, por exemplo, no texto “Sobre a epístola de São João aos partos”, t. 8, n. 5, PL 35, 2.038), escreveu: “não devemos desejar que haja pedintes para podermos exercer as obras de misericórdia graças a eles”, “seria muito melhor que ninguém tivesse fome, assim não” seria preciso dar de comer a ninguém. O mesmo vale para a necessidade de moradia, roupas etc e também para as classes opressoras e parasitárias, que não deveriam existir (latifundiários, grande capital privado).

No mesmo sentido, escreveu São João Cassiano, no livro “Colações” (I, 10):

As obras de caridade e de misericórdia são necessárias nesta vida, enquanto houver no mundo tanta diversidade de estados e de condições sociais. Entretanto, não seriam necessárias nem mesmo aqui nesta terra se não houvesse esse número incontável de pobres, de necessitados e de doentes gerados pela injustiça dos homens. Refiro-me àquelas pessoas que monopolizam para seu particular aquilo que o Criador comum quis dar a todos. Por isso, enquanto persistir nesse mundo a diferença de categorias sociais, essas obras serão necessárias e proveitosas para quem as realizar, a herança eterna será o prêmio por sua bondade e caridade. Mas no século futuro reinará a igualdade. Deixarão de existir então as obras de misericórdia, pois já não haverá diferenças que as tornem necessárias ou justifiquem por isso sua existência”.