Em 1849, já havia um socialismo democrático, gradual, com economia mista, democracia popular etc.

O próprio Marx, no livro “Dezoito brumário” (1849), descreve as linhas gerais deste socialismo democrático de economia mista, que existia nos anos 40 do século XIX:

“Quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais do proletariado e deu-se a elas uma feição democrática; despiu-se a forma puramente política das reivindicações democráticas da pequena burguesia e ressaltou-se o seu aspecto socialista (…) [O caráter peculiar da socialdemocracia resume-se no fato de exigir instituições democrático-republicanas como meio não de acabar com dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas de enfraquecer seu antagonismo e transformá-lo em harmonia. Por mais diferentes que sejam as medidas propostas para alcançar esse objetivo, por mais que sejam enfeitadas com concepções mais ou menos revolucionárias, o conteúdo permanece o mesmo. Esse conteúdo é a transformação da sociedade por um processo democrático, porém uma transformação dentro dos limites da pequena-burguesia”. 

Mais tarde, estes mesmos ideias seriam reeditados por socialistas gradualistas, como Bernstein e pela própria Social democracia alemã (socialismo democrático). O mesmo ocorria no populismo nos EUA e na Rússia, com base nos textos de Sismondi e outros. E o mesmo ocorreu com o Partido Trabalhista, na Inglaterra. A mesma tendência existia no Bund dos judeus polacos e também entre os mencheviques. O mesmo reformismo, melhorismo, que, no fundo, é a minha concepção, como era a concepção de Alceu. Esta também era a concepção de Victor Hugo, de Buchez, Rousseau, Mably e outros.