A solução terceirista de Mounier – economia mista, Estado social e democracia popular participativa

O livro do padre Paul Eugene Charbonneau, doutor em Teologia, “Cristianismo, sociedade e revolução” (São Paulo, Herder, 1965, p. ), traz um texto de Emmanuel Mounier que expressa mais ou menos o que eu entendo como boa solução, mais ou menos na linha da Encíclica “Mentis Nostrae” (23.09.1950), de Pio XII –

“…uma economia personalista resolve o conflito reinante entre o liberalismo e o coletivismo. O liberalismo (teórico) tira sua força espiritual de uma defesa dos valores pessoais da liberdade e da iniciativa e de uma justa crítica dos malefícios do estatismo; mas entrega estas realidades pessoais à opressão capitalista, que delas priva a maioria dos homens. O coletivismo acerta quando proclama a necessidade de coletivizar em larga escala a economia a fim de salvá-la da ditadura dos interesses particular, mas entrega, de pés e pulsos atados, a liberdade à ditadura estatista de um partido ou de um corpo de funcionários. O personalismo conserva a coletivização e salva a liberdade, apoiando-a em uma economia autônoma e maleável em vez de arrimá-la ao estatismo”. 

O texto de Mounier foi tirado da obra “Manifesto a serviço do personalismo”. No texto da “Mentis Nostrae”, Pio XII repudia os “dois sistemas econômicos”, capitalismo e comunismo, como dois extremos. A parte boa do liberalismo é o amor à liberdade. A parte boa do coletivismo é o amor à justiça. E uma economia mista resolve pois é solução mista, que contém em si a proteção da liberdade e da justiça.