A Igreja considera a estatização de grandes bens produtivos como reivindicação justa – Pio XI, João XXIII e Barbosa Lima Sobrinho explicam

Barbosa Lima Sobrinho se inspirava no texto de Pio XI, na “Quadragesimo anno” – “estes [o socialistas moderados] pretendem que certos gêneros de bens sejam reservados ao Estado, quando o poderio que trazem consigo é tal, que essa presença do mesmo Estado, não pode deixar em mãos de particulares. Tão justos desejos e reivindicações em nada se opõem à verdade cristã e muito menos são exclusivos do socialismo. Por isso, quem apenas por eles luta não tem razão para se declarar socialista”.  

Friso os termos de Pio XI – “tão justos desejos e reivindicações em nada se opõem à verdade cristã”. Em nada mesmo, pois são reivindicações justas, exigidas pela justiça social.

Em 1961, João XXIII, na “Mater et Magistra”, transcreveu a frase de Pio XI, sobre os bens produtivos de grande poder que devem ser do Estado, e endossou a mesma tese, mostrando que faz parte intrínseca da doutrina social da Igreja. 

Este texto foi transcrito por Barbosa Lima Sobrinho, no artigo “Tamanho do Estado” (Jornal do Brasil, 26.06.1994). Barbosa Lima Sobrinho ainda escreveu – esta “doutrina se identificava com um dos maiores estadistas de nosso tempo, o General De Gaulle, quando promulgava a Constituição de 1946, elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte e submetida, depois, à aprovação do povo francês. Numa das teses expostas e defendidas no Preâmbulo da Constituição, estava dito que “todo bem, todas as empresas cuja exploração adquire as características de um serviço público nacional, ou um monopólio de fato, devem tornar-se propriedade da coletividade”. Lembro que De Gaulle sempre foi excelente católico. 

Barbosa Lima Sobrinho concluí ao artigo – “como se vê, nem a Igreja, com a sua sabedoria universal, nem o povo francês, no preâmbulo de sua Constituição, tinha qualquer restrição ao tamanho do Estado, e até mesmo o faziam intérprete de seu pensamento e de suas aspirações”. Barbosa Lima Sobrinho lembra, no início do artigo, que esta ideia sobre o tamanho do Estado já era adotada por Leão XIII, na “Rerum novarum”.