Ludwig von Mises, no livro “La acción humana” (Madrid, Editorial Sopec, 1968, p. 227), destacou o jusnaturalismo como “a mais firme base do movimento democrático”, nascido dos “pensadores clássicos” e da “teologia hebraica”:
“… o movimento liberal e democrático dos séculos XVIII e XIX amparou-se grandemente na idéia da lei natural e nos imprescritíveis direitos do homem. Tais pensamentos elaborados, originariamente, pelos pensadores clássicos e pela teologia hebraica, foram absorvidos pela filosofia cristã. (…). estas idéias… popularizaram-se, chegando a constituir a mais firme base do movimento democrático”.
A “teologia hebraica” é a raiz do cristianismo, estando presente justamente no “Antigo Testamento”, que totaliza dois terços da Bíblia.
Até um neoliberal maluco enxerga algo, às vezes. Von Mises cometeu vários erros graves em seus textos, mas conseguiu gerar alguns poucos textos corretos. Seu erro foi sua cumplicidade com os erros neoliberais e até com o fascismo. De bom, Mises deixou uma extensa obra, raivosa, sobre a história do socialismo, onde fica patente que o socialismo utópico (como também mostrou Marx) era todo empapado na religião.
O socialismo utópico é o socialismo pré-marxista, a fonte dos textos de Marx, o que ressalta os elementos cristãos e hebraicos presentes no socialismo, como no marxismo. Estes pontos verdadeiros e salutíferos são destacados pela teologia da libertação, num esforço de discernimento e de sínteses.
Conclusão: a reconciliação do socialismo com a democracia, a religião e os direitos humanos é a tarefa mais importante hoje, justamente para superar as iniquidades liberais, abolir o sistema capitalista, os latifúndios, o imperialismo, a fome, a miséria, o analfabetismo etc.