Colhi os textos abaixos de obras do padre Fernando Bastos de Ávila, “Solidarismo” (1965), tal como alguma coisa do site da FGV – CPDOC. Mostram que a Igreja defendeu o solidarismo, desde os textos do padre Heinrich Pesch e também antes, com estrelas como Buchez, Ozanam, Lamennais e outros. Vejamos o que é solidarismo:
“O solidarismo cristão pretendeu apresentar-se como uma alternativa histórica entre os grandes sistemas políticos e os campos ideológicos que polarizavam a consciência nacional no fim da década de 1950 e início da de 1960. Se se quisesse precisar com maior exatidão a época de seu aparecimento oficial, poder-se-ia escolher o ano de 1963, data da publicação do Manifesto solidarista”.
Quem introduziu o solidarismo cristão no Brasil foi o padre Fernando Bastos de Ávila, professor de sociologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e isso desde 1956, Ávila colheu estas ideias em Louvain, na Bélgica, um dos países onde a doutrina social da Igreja mais floresceu.
“A idéia do solidarismo foi exposta numa figura num quadro-negro, era a seguinte: os grandes sistemas que hoje se defrontam podem ser distribuídos sobre um contínuo político-ideológico — traçou na pedra um risco horizontal —, compreendido entre dois extremos. De um lado, estaria o individualismo atomicista e de outro, o coletivismo monolítico, caracterizando as formas típicas respectivamente do capitalismo liberal e do socialismo totalitário — fez dois tracinhos verticais limitando o risco horizontal. Partindo dos extremos da esquerda e da direita, vários traços perpendiculares simbolizavam as diversas formas de neo-socialismo e de neocapitalismo. De ambos os lados essas formas convergiam para um centro de equilíbrio, ou seja, para um sistema eqüidistante do individualismo e do coletivismo, sistema no qual os indivíduos nem ficariam isolados nos seus egoísmos competitivos, nem esmagados pelo Estado totalitário. E qual seria esse sistema? — traçou uma grande perpendicular bem no centro do contínuo. (…) O padre Ávila chamou esse sistema de comunitarismo personalista, ou então, para evitar ressonâncias perturbadoras, de solidarismo cristão.
O termo solidarismo, guardado na memória, fazia parte de suas lembranças das aulas de ética social, quando, aluno do padre Eduardo Magalhães Lustosa, em Nova Friburgo (RJ), ouvira-o falar do solidarismo do padre Heinrich Pesch.
As fontes remotas
Heinrich Pesch, nascido em Colônia, na Alemanha, em 1854, foi professor de política social e de economia na casa de estudos que os jesuítas alemães, expulsos de sua pátria, mantinham na cidade holandesa de Valkenburg. Aí Pesch morreu em 1926. Suas obras principais foram Liberalismus, sozialismus und cristliche gesellschaftsordnung e Lehrbuch der nationalokonomie. Entre muitos alunos, teve dois outros jesuítas, os padres NellBreuning e Gundlack, que vieram a ser os assessores de Pio XI na elaboração da encíclica Quadragessimo anno, a qual, precisamente, procurou oferecer um sistema eqüidistante entre o liberalismo capitalista e o socialismo.