Numa “Mensagem”, de 01.09.1943, Pio XI destacou que o “conceito do Estado”, para o espírito cristão, exige que o Estado e seu poder estejam a serviço da sociedade, a serviço de todas as pessoas, pois o sentido profundo e a última legitimidade moral e universal do termo “reinar” (governar) é “servir” ao povo, promover o bem comum. Pio XII repetia e ampliava a lição dada no discurso do Natal de 1942, onde defendeu a democracia. A Igreja condenou o nazismo, o fascismo, o capitalismo, o comunismo, e defendeu sempre a democracia popular verdadeira, a economia mista, o Estado social etc.
No Natal de 1943, Pio XII destacou o lema “paz, pão e trabalho”, pedindo a paz mundial e o final da guerra.
Como explicou Santo Agostinho, com base nos textos de Isaías, a paz é fruto da justiça, é a expressão da bondade, do bem comum (há a mesma idéia no livro “Defensor Pacis”, pubicado em 1324, de Marsílio de Pádua, defensor de idéias democráticas). Paz vem de “Shalom”, termo hebraico para plenitude, bem estar. A saudação judaica comum é “shalom”, “que a paz esteja contigo”. O ideal da paz é parte essencial do ideal messiânico, da parusia. O termo “paz” não é apenas “não-violência” (que Gandhi, Luther King e Dom Hélder tanto destacaram), mas também há o sentido positivo de realização das aspirações humanas, concretização do bem comum.