A famigerada Bunge & Borns e o cartel do trigo, no Brasil

O livro de Octaciano Nogueira, “A constituinte de 1946. Getúlio, o sujeito oculto” (ed. Martins Fontes, 2005, p. 158), explica que a Bunge, multinacional argentina e norte-americana, atua no Brasil, no mínimo, desde 1936. Controlava a firma Moinho Santista. Em 1936, a Moinho pediu a Getúlio (ao governo) autorização para aumentar o capital de 24.000 contos para 40.000 contos. Getúlio negou, em 28.02.1936. Alegou que a Bunge era um “truste internacional”, que procurava aumentar o controle sobre um bem (trigo) de primeira necessidade.

O grande Agamenon Magalhães, Ministro de Getúlio, mostrou, na exposição de motivos, que o truste (a Bunge, pela Moinho Santista) provocava o “encarecimento intolerável” do trigo, aumentando ilicitamente os lucros, e depois fazendo remessas, “sub-reptícias”, de “grandes quantidades de ouro para o fora do país”. A indústria moageira (moinhos) estava sob o controle de um truste. Isso, há 80 anos atrás, e este controle apenas aumentou.

O mesmo ocorre hoje, e não apenas no ramo do trigo, mas, principalmente, das sementes, dos insumos, dos adubos, dos inseticidas e da maquinaria agrícola, tudo sob o controle do capital internacional. A mesma denúncia foi feita na Constituinte, de 1946, pelo deputado espírita socialista, Campos Vergal.

Na época, a Bunge está sob o controle de Ernesto A. Bunge e J. Borns. O correto é o Estado criar estatais para fornecer sementes, adubos, insumos, inseticidas e máquinas agrícolas, tal como para o acompanhamento técnico (ampliando a Embrapa), ampliar o cooperativismo, armazenagem dos produtos e controle das vendas, principalmente das exportações.