As raízes semitas do platonismo, especialmente o pitagorismo

Heráclides de Ponto (390-310 a.C), que quase chefiou a Academia, tendo sido derrotado por Espeusipo, ensinava que as idéias de Platão vinham de fontes como Zoroastro, Abaris, Pitágoras e de outras fontes orientais, semitas, especialmente fenícias. As idéias de Zoroastro, do mazdeísmo, tiveram seu auge na Pérsia (aliados dos fenícios) e entre os Medos justamente quando houve a presença hebraica difusa nesta região, por conta do transporte das dez tribos e, depois, por causa do “Cativeiro da Babilônia”, dos 70 anos em que parte relevante dos hebreus esteve exilada no seio da Ásia, inclusive no Ponto (nas margens do Mar Negro, no Cáucaso etc).

Os judeus ortodoxos ensinam que Jeremias refugiou-se no Egito e ali deu aulas a Platão, o que mostra o apreço hebraico por Platão, pois os judeus têm intensa veneração por Jeremias. Não há plausibilidade histórica nesta lenda, mas foi divulgada por séculos e explica o amor hebreu pelos textos de Platão, porque estes textos contêm conteúdos próximos às idéias semitas, por influências semitas, frise-se, tal como pela influência da razão. Platão esteve por vários anos no sul da Itália, especialmente em Siracusa, cidade sob a influência dos fenícios, perto de Cartago, também colônia fenícia, ligada aos povos semitas.

No sul da Itália, Platão foi bastante influenciado pelos pitagóricos. Platão foi influenciado por pitagóricos como Arquitas, de Tarento, Filolau, Euristo e outros. O pitagorismo, tal como a Escola Jônica (fundada por um fenício, Tales), foi uma corrente ligada às idéias orientais (fenícias, logo semitas). Especialmente por influência de Ferecides de Tiro, professor de Pitágoras. Ferecides era fenício, de Tiro, tal como Tales, antes. As ideias semitas, especialmente fenícias, estão na matriz do pensamento grego, nas origens da filosofia grega, que é também semita, fenícia, em suas melhores partes. 

As idéias semitas-hebraicas alcançaram Platão por estas e outras vias. Hermodoro de Siracusa é um platônico que mostra bem as influências orientais semitas sobre a última fase do pensamento platônico. Hermodoro escreveu sobre o mazdeísmo, o zoroastrismo, sobre os magos, ligados aos hebreus, aos semitas.

O estoicismo é também empapado de idéias fenícias-semitas, inclusive porque os principais estócios eram de origem fenícia, como demonstrou o padre Elorduy. O profeta Ezequiel menciona o comércio de bens e idéias entre Tiro e Javã, os jônios (cf. Ez 27,13 e 19), especialmente pelo comércio de vasos de bronze, tecidos e fios de algodão. As idéias hebraicas-semitas estavam já dispersas entre os persas, os fenícios e mesmo entre as idéias egípcias.

Conclusão: a forma como os Santos Padres recepcionaram o melhor da Paidéia (especialmente os textos éticos estóicos, do platonismo médio e do aristotelismo) mostra como o cristianismo é intrinsecamente universal (católico, que significa “universal” em grego).

O catolicismo é universal, porque o cristianismo preza as luzes da razão e da filosofia, considerando a razão como convergente e harmônica com as idéias da Revelação. As próprias idéias da Revelação exigem o uso da razão e contém a maior a apologia possivel da razão, da consciência. A Revelação tem uma grande parte de suas idéias que é racional, tendo apenas uma pequena parte suprarracional, não sendo nunca irracional.