As escritas semitas difundiram ideias semitas, a base do cristianismo

Os gregos aprenderam a escrever com os semitas. Segundo Heródoto, Cadmos, príncipe fenício, filho de Agenor, rei de Tiro, foi quem trouxe o alfabeto fenício para os gregos (CHOMSKY, 1958, p. 80). Os fenícios eram semitas. Antes do fenício, existiam a escrita acádica e o aramaico. 

Tirei de um site sobre línguas – “Semítico Oriental Fazem parte deste grupo os alfabetos assírio-babilônio e acadiano. Exemplos: código de Hammurabi (aprox. 1800 A.E.C.), cartas de Amarna (1400 A.E.C.). O acadiano é a primeira língua semítica de que se tem registro. Língua usada na Mesopotâmia durante os grandes impérios dos babilônios e assírios [e, acho, pelos hititas]. Sua escrita era cuneiforme e silábica, segundo Healey (1996, p. 255). O acadiano foi uma espécie de língua internacional de grande importância, segundo Chomsky (1958, p. 24-29). Semítico Ocidental – Aramaico: O aramaico desenvolveu mais, provavelmente, no décimo século A.E.C., como escrita dos arameus, semitas que habitavam a Síria e a Mesopotâmia e que foram conquistados pelos assírios (Damasco caiu em 732 A.E.C.). A língua e a escrita aramaica se expandiram após o sétimo século A.E.C., e tornaram-se, duzentos anos depois, as mais importantes e difundidas da Ásia Ocidental, tendo sido (Manu Marcus Hubner | O Alfabeto Hebraico: Origem Divina Versus Humana 246) adotadas pelas grandes potências imperiais, como o Império Persa (cerca de 550-323 A.E.C.), segundo Diringer (1964, p. 58). Acabou por substituir outras línguas locais, como o fenício e o hebraico, que foi pouco usado na época posterior à Bíblia Hebraica. A próxima revolução linguística ocorreu com a disseminação do árabe na época das conquistas islâmicas do sétimo século E.C. (HEALEY, 1996, p. 255).

O aramaico ainda é falado por alguns milhares de cristãos sírios e judeus do Curdistão e em várias outras localidades isoladas nas fronteiras do Irã, Iraque, Turquia e próximo a Damasco, na Síria. O alfabeto aramaico possui as ramificações: oriental ou siríaco, da qual a linguagem do Talmude babilônico é uma variação, e ocidental ou palestiniano, da qual os textos Guemará de Jerusalém e os Targumim (traduções bíblicas) são exemplos. As porções aramaicas da Bíblia Hebraica também podem estar incluídas nesta categoria, segundo Chomsky (1958, p. 24-29) Inscrições em aramaico foram encontradas em diversos países: Egito, Israel, Síria, Arábia, Índia e países da Mesopotâmia e da Ásia Menor.

São derivados do aramaico o hebraico, o nabateano-sinaítico-arábico, o palmiriano, o siríaco-nestoriano, o mandeano, o maniqueu, o arábico (originado do aramaico através dos alfabetos nabateano e neossinaítico), kharoshthi (Índia, Turquestão e Afeganistão), o parsi (Pérsia), o sogdiano (Ásia Central), o kök turki (tribos turcas da Sibéria, Mongólia e Turquestão, do qual deriva o alfabeto húngaro), o uiguir (Mongólia e Turquestão, a escrita do Império Mongol no 13º século), o mongol (kalmuch, buriat, mandchu), o armênico e o georgiano, a escrita brāhmi (protótipo de cerca de 200 escritas utilizadas na Índia, no Tibet, Myanmar, Camboja, Tailândia, Indonésia e em partes das Ilhas Filipinas), e o coreano, derivado do ramo indiano, segundo Diringer (1964, p. 58). Os nabateus utilizavam a língua e escrita aramaica nos negócios públicos entre o quarto século A.E.C. e o primeiro da E.C., com inscrições em Petra, Madain Salih (Arábia Saudita) e sul da Síria; o palmiriano, escrita aramaica de Palmira/Tadmur, na Síria, foi utilizado entre o primeiro século A.E.C. até o século terceiro E.C.; o mandeu, no sul do Iraque, semelhante ao nabateu, nos primeiros três séculos E.C., segundo Healey (HEALEY, 1996, p. 289). – Cananeu: fazem parte deste ramo o fenício e púnico, o hebraico, o moabita e o edomita. – Moabita: conhecido devido à inscrição do rei Mesa, do nono século A.E.C.

Fenício: utilizado na Fenícia e em Cartago (alfabeto púnico), no norte da África, assim como nas colônias de Chipre, Sardenha e Sicília, segundo Diringer (1964, p. 58). As inscrições mais antigas são do 13º ao 14º séculos A.E.C. Os fenícios se identificavam como caneneus até o período romano. O fenício foi uma língua internacional na Síria e na Ásia Menor até ser substituída pelo aramaico no oitavo século, mas continuou sendo falada em Cartago até o quinto século, segundo Chomsky (1958, p. 24-29) (Figura 7). Healey (1996, p. 281) acredita que os gregos adotaram o alfabeto fenício, e a comparação entre as letras é conclusiva. Como exemplo, a letra A, que conserva um elemento do pictograma – a cabeça de um touro (∡) invertida (A) – em grego se chama alfa (α), palavra sem nenhum significado em grego, mas que significa “touro” nas línguas semíticas ocidentais alpu em ugarítico e alef em hebraico). Esta regra se aplicaria a quase todos os nomes de letras gregas. Na obra do historiador grego Heródoto, do quinto século A.E.C., as letras se chamavam “phoinikeia grammata”, “letras fenícias”, e supostamente foram trazidas à Grécia por Cadmo, príncipe fenício. Diringer (1964, p. 54) também acredita na origem semítica da escrita grega, devido às formas e os nomes semíticos das letras, seus valores fonéticos e a direção da escrita do grego antigo – da direita para a esquerda. Seguiram alterações importantes, como a transformação de uma escrita consonantal em um alfabeto contendo vogais, mudança na direção da escrita após 500 A.E.C., que passou a ser da esquerda para a direita e de cima para baixo, e a criação das escritas uncial, cursiva e minúscula. Curiosamente, segundo Healey (1996, p. 263-264), alguns textos em grego antigo e em sudárabe eram escritos boustrophedon, como um boi arando o campo: da esquerda para a direita na primeira linha, da direita para a esquerda na segunda linha, da esquerda para a direita na terceira e assim por diante. O alfabeto grego é o mais antigo sistema de escrita alfabética completamente desenvolvida, contendo tanto consoantes como vogais. O grego tornou-se o progenitor dos alfabetos europeus, como o etrusco, o latino e o alfabeto cirílico, de vários alfabetos da Ásia Menor (lício, frígio, panfiliense, lídio e cariano) e da África – o dos coptas (língua litúrgica que floresceu no Egito entre os sé- culos III e XIII), e até mesmo do alfabeto gótico, que sofreu outras influências, como dos caracteres romanos e rúnicos”.

Conclusão: pelo aramaico, as ideias semitas puderam passar para a Índia, o Tibet, Cambodja, Coréia, Tailândia, Indonésia etc. Este ponto merece estudo, pois pode apontar a influência das ideias religiosas semitas, a base do cristianismo, em boa parte da cultura asiática, mesmo a mais longe.