Os hicsos eram pastores (cf. Gn 46,34-35; 47,3). No meio destes nômades heterogêneos, estavam os hebreus, liderados por Jacob e José, que entraram no delta do Egito. Flávio Josefo e Maneton (historiador egípcio, anti-semita) relacionavam José do Egito aos hicsos. Os apologistas judeus, os autores cristãos e outros também relacionaram o governo de José do Egito ao governo dos hicsos, no delta do Egito.
Os hicsos foram expulsos do Egito em 1580 a.C. Com a queda dos hicsos, os egípcios passaram a perseguir os hebreus, gerando o levante de Moisés. As idéias hebraicas, semitas e mesopotâmicas puderam, assim, ter ampla difusão na cultura egípcia, durante o governo dos hicsos.
Os egípcios associam o nome de “Seth” aos hicsos e hebreus. Afinal, os hicsos identificaram o deus semita Baal, filho de El, com a figura egípcia de Seth. O conflito entre egípcios e hicsos recebeu um reflexo religioso, pois Seth (Baal, filho de El, o nome usado na Bíblia para designar Deus, o nome semita de Deus) teria matado Osíris. Na mitologia grega, a era de Saturno, a idade de ouro, é relacionada, pelos judeus, à influência semita, apontando que o substrato mais antigo das idéias religiosas já tem influência semita.
O Egito foi influenciado pela cultura semita através dos hicsos e dos hebreus, por quase 300 anos e isso quando o Egito tinha relações com Creta, a região-mãe da cultura grega. O povo hebreu praticamente nasceu dentro do Egito regido por semitas, porque cerca de setenta pessoas entraram no Egito, liderados por Jacob e José e estes geraram seiscentos e poucos mil, no tempo de Moisés. Depois, o Egito voltou a ficar por algum tempo sob o controle do Império Assírio-semita (que durou de 671 a 612 a.C.). Isso novamente ocorreu durante o governo dos persas, que controlou o Egito.
A expansão dos assírios-semitas ocorreu principalmente entre 883 e 612 a.C. Sargão II e outros dominavam da cidade de Nínive, a capital assíria. A rebelião dos egípcios deu início ao fim do poder dos assírios. Os Medos, Lídios e neo-babilônicos conquistaram Nínive, incorporando o Império Assírio, mas mantendo, na cultura dos medos-lídios e neo-babilônicos, o melhor da cultura semita. Depois, os Medos, Lídios e neo-babilônicos são derrotados e são incorporados no império persa, também intrinsecamente ligado culturalmente aos hebreus.
Os persas controlaram o Egito graças a Cambises II, lá pelos anos 525 a.C.. O controle persa sobre o Egito durou até Alexandre Magno. O velho Hegel elogiava os persas, ensinando que estes representavam a superação da natureza pelo espírito, sendo o primeiro estágio genuíno da história da humanidade. Os persas têm ligação com os hindus, pois os povos do planalto do Irã ocuparam parte da Índia e parte do continente da Índia esteve sob o controle persa, mais tarde. Uma parte ou toda da escrita hindu tem base fenícia-semita (e aramaica), como a escrita grega.
No elogio aos persas, Hegel seguia os passos de Heródoto, Xenofonte e outros. Após isso, o Egito ficou controlado pela dinastia dos Ptolomeus, ligados aos macedônios, controle que durou até Cleópatra. Mais tarde, o Egito torna-se província romana. Só por estes fatos, fica bem claro que os semitas influenciaram a cultura grega pela mediação dos hititas, dos fenícios, do Egito, dos lídios etc.
A Bíblia menciona, desde o “Gênesis” (10,19), a cidade de Sídon (“Tsidon”, em hebraico), a capital da República Fenícia. O Targum (cf. 1 Crônicas, 1,13) ensina que o primogênito de Canaan era Botnias (também chamado de Cotnias), que teria sido o fundador de Sídon (cf. Gn 10,30: “Canaã gerou Sídon, seu primogênito, e Het”, hititas). Os fenícios vieram do mar Vermelho e fundaram Sídon, Tiro, Hipona, Tebas na Beócia, Cádiz, Cartago e outras cidades-Estados. Homero cita os fenícios, egípcios e outros povos sob a influência semita. Homero destaca o conhecimento náutico dos fenícios.
Os gregos ensinavam que o termo “fenício” vem de Fenix, o filho de Agenor, rei da Líbia, da África. Cádiz (que se escreve Gadès) teria sido fundada pelos fenícios em 1.100 a.C., sendo a pátria de grandes escritores como Columela e Balbo. A influência semita sobre a Espanha é bem antiga, pois data, no mínimo, dos fenícios, povo semita também.
Como explica o “Dicionário Enciclopédico da Bíblia, organizado por Van Den Born (Lisboa e Rio, Ed. Vozes e Centro do Livro Brasileiro Ltda, 1971, p. 571) , “desde o século XI a.C. e sobretudo a partir do século IX”, “os fenícios fundaram diversas colônias nas ilhas de Chipre, Rodes, Sardenha, Sicília, na França Meridional e sobretudo na África do Norte (Cartago, Hadrumeto, Hipona, Léptis, Útica””, antes do gregos. Nas margens do Mar Negro, nas margens turcas do Mar Negro, tal como nas áreas onde fica hoje a Geórgia ou a Armênia, também havia influência semita e hitita.
A “assembleia” (“Igreja”, que significa “Assembléia”, em grego), Parlamentos das cidades-estados, também existia na cultura semita, como fica claro nas cidades sumérias, fenícias e cananéias, inclusive Cartago. A democracia nasce nas primeiras aldeias, mas foi mais fixada e desenvolvida, primeiro, nas cidades-estados da cultura mesopotâmica, baseada na cultura semita de Elam e de outros povos semitas. Segundo Josefo, Elam foi o ancestral dos persas. A Bíblia menciona Elam em “Gênesis” (14,19). Isaías (21,2) e Jeremias (25,25) relacionam Elam com a Média, o berço do zoroastrismo, religião persa bem próxima da religião hebraica. No Egito, também existiam institutos democráticos, a organização dos Demos, de cidades-estados, ponto bem destacado por Enrique Dussel. A “Assembleía” também era a base do poder na Grécia e em Roma.
Cristo escolheu chamar de “Assembléia” (Igreja) o Povo santo, que o segue, usando o nome lema da Democracia.