Stuart Mill defendeu uma democracia popular, social, com a efetivação (concretização, atualização) dos interesses legítimos (o que é útil à vida), ou seja, dos direitos naturais humanos políticos, econômicos e sociais. Ele também lutou pelos direitos das mulheres e por uma forma de socialismo cooperativista, com leis trabalhistas e distributistas, educação pública, repartição de terras aos camponeses etc. Há em seus textos idéias de um socialismo cooperativista, humanista, com linhas de uma democracia participativa, bem próximas das idéias de Buchez, Ketteler ou de João XXIII.
Em sua autobiografia, Stuart Mill defendeu seu pai, James Mill (1775-1836), demonstrando que este, apesar de adepto do liberalismo econômico, conseguiu manter elementos de religiosidade natural, com base nos textos de Platão e de outros autores. Stuart Mill foi influenciado por sua esposa e, assim, passou a adotar um utilitarismo social, ético e que valorizava os afetos. Algo parecido ocorreu com Augusto Comte (1798-1857), no livro “Sistema de política positiva” (1854), onde, por influência de Clotilde de Vaux, passa a valorizar os afetos, a religião e a ética. Nesta obra, Comte, perto da morte, esboça uma religião natural, próxima e inspirada no catolicismo, a “religião da humanidade”. Pouco antes de morrer, Comte enviou um representante ao Geral dos Jesuítas, propondo uma aliança com o catolicismo. Comte seguia os passos de seu antigo mestre, Saint Simon (1760-1825), que, em sua última obra, esboça um socialismo pautado pelo cristianismo.
James Mill, de fato, apesar de divulgar erros horríveis do liberalismo econômico, também trabalhou, com Jeremias Bentham, pela difusão da democracia, ainda que nos moldes liberais. Neste ponto, Bentham foi vergonhoso, pois chegou ao ponto de redigir uma defesa da usura, o que é algo horrível. Bentham teve seus méritos, no entanto, pois combateu o colonialismo, a escravidão, lutou por reformas penais e presidiárias e, principalmente, lutou pela ampliação da democracia.